Suspeito de envolvimento no desaparecimento de adolescente grávida no Paraná tem prisão temporária prorrogada por mais 30 dias


Informação é do advogado de Marcos Vagner de Souza, cuja prisão venceria nesta quarta-feira (17). Isis Victoria Mizerski tem 17 anos e sumiu no dia 6 de junho, após sair para encontrar com ele, que é apontado como pai do bebê que a ela espera e nega envolvimento em qualquer crime. Isis Victoria Mizerski
Arquivo da família
A prisão temporária de Marcos Vagner de Souza, vigilante suspeito de envolvimento no desaparecimento da adolescente Isis Victoria Mizerski, de 17 anos, foi prorrogada por mais 30 dias.
A jovem é de Tibagi, cidade dos Campos Gerais do Paraná, está grávida e não foi mais vista desde o dia 6 junho. De acordo com as investigações, ela sumiu após sair para se encontrar com Marcos, apontado como pai do bebê que ela está esperando.
À polícia, o homem confirmou que se encontrou com Isis e disse que a deixou em uma vila da cidade, negando ter envolvimento em qualquer crime. A polícia afirma que alguns indícios contradizem a versão do homem. Relembre detalhes e veja a cronologia do caso mais abaixo.
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Marcos teve a prisão temporária decretada no dia 14 de junho e foi detido três dias depois, quando se entregou à polícia.
O prazo da prisão, de 30 dias, venceria nesta quarta-feira (17), mas na segunda (15) a Justiça prorrogou a prisão do homem.
O pedido foi feito pela Polícia Civil. O g1 questionou o motivo à corporação e aguarda retorno.
Ao mesmo tempo, a defesa de Marcos havia pedido a soltura dele, mas o juiz João Batista Spanier Neto optou pela prorrogação do prazo.
O advogado de Marcos, Renato Tauille, afirma que a defesa discorda “completamente” da decisão e afirma que, no pedido de prorrogação, a polícia “não apresentou nenhum novo indício de que Marcos tenha praticado algum crime contra a Isis”.
“O que a defesa enxerga nessa decisão é que ela se baseia não nos indícios de prova, constantes no inquérito policial, mas sim que a decretação da prisão tem se dado pelo clamor social e a repercussão que o caso ganhou”, categoriza o advogado.
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Cronologia do caso
6 de junho: DIA DO DESAPARECIMENTO
O tio de Isis conta que a adolescente foi para a escola de manhã e passou o resto do dia em casa. A família toda iria a um culto religioso de noite e, por volta das 17h50, a mãe da jovem saiu para ir ao mercado.
Nesse meio tempo, Isis disse à prima que iria sair para se encontrar com Marcos. A jovem disse para a irmã e para a prima que planejava contar à mãe que estava grávida na mesma noite em que sumiu e que, apesar de Marcos querer que ela fizesse um aborto, ela tinha a intenção de ter o bebê e estava escolhendo o nome da criança.
Até às 18h06 a jovem estava conversando com a mãe sobre outros assuntos via aplicativo de mensagens, e às 18h15 mandou a própria localização para a mãe em tempo real. A mulher viu que a menina estava em uma região afastada do centro da cidade, na margem da PR-340, e ficou preocupada após a mensagem ter sido apagada.
“Essa localização nós entendemos como um pedido de socorro”, afirma o tio de Isis.
Após receber a localização, a mãe enviou novas mensagens e ligou para a filha, mas não obteve mais nenhuma resposta. Veja abaixo:
Adolescente grávida desaparecida no Paraná mandou localização para mãe antes de parar de responder mensagens: ‘Entendemos como pedido de socorro’
Reprodução
7 e 8 de junho: LOCALIZAÇÃO DOS CELULARES
Segundo o delegado Jonas Avelar, a quebra de sigilo dos celulares de Isis e Marcos aponta que o vigilante esteve no mesmo lugar que a adolescente nos dois dias seguintes ao desaparecimento dela.
“Diante do deferimento da quebra de sigilo telemático do aparelho celular, foi possível detectar uma localização da adolescente na cidade de Telêmaco Borba, próxima a uma estrada chamada Mandaçaia. […] Chamou a atenção também das investigações o Marcos ter ido nessa localidade nos dias 7 e 8 de junho, no mesmo local em que deu a localização do aparelho celular da vítima”, diz o delegado.
O local apontado pelas localizações é uma área de mata extensa, de difícil acesso, segundo o delegado. Buscas com drones e cães farejadores foram feitas no local, mas nenhum vestígio da adolescente foi encontrado.
Celular de suspeito aponta que ele esteve no mesmo lugar que adolescente após ela desapare
10 de junho: DEPOIMENTO DO SUSPEITO
Marcos prestou depoimento à polícia no dia 10 de junho. Segundo Avelar, ele confirmou que se encontrou com Isis no dia do desaparecimento da jovem e negou ter envolvimento em qualquer crime.
O delegado afirma que o homem alegou que após conversar com a adolescente, a deixou em uma vila da cidade, mas que se contradisse durante a fala.
“Alguns prints demonstram que ele estava muito insatisfeito com a gravidez dessa adolescente. Interrogado, Marcos confirmou o encontro, porém alegou que só foi deixá-la na Vila São José […] e em seguida retornou – mas através da coleta das imagens, foi possível perceber que Marcos demorou em torno de uma hora para retornar”, conta Avelar.
14 de junho: MANDADO DE PRISÃO e INÍCIO DAS BUSCAS EM ÁREAS DE MATA
Marcos Vagner de Souza é considerado foragido pelo desaparecimento de Isis Victoria Mizerski
Polícia Civil do Paraná
Após o depoimento de Marcos, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão para avaliar celulares e notebooks dele, e no dia 14 de junho um mandado de prisão foi expedido, mas o homem não foi mais encontrado.
O tenente Luis Augusto Negoseki, do Corpo de Bombeiros, afirma que a corporação só foi informada do desaparecimento da jovem no mesmo dia e iniciou as buscas por ela em áreas de mata entre Tibagi e Telêmaco Borba.
Segundo ele, o lapso temporal atrapalha o trabalho de cães farejadores, pois os indícios que poderiam ser encontrados por ele são apagados pela ação do tempo.
17 de junho – SUSPEITO SE ENTREGA À POLÍCIA
Marcos Vagner se entregou à polícia no dia 17 de junho.
Conforme a Polícia Civil, ele era considerado foragido há três dias e se apresentou na delegacia de Francisco Beltrão, no sudoeste do estado, onde possui familiares. A cidade fica a mais de 400 quilômetros de distância de Tibagi, onde ele e Isis moram.
25 de junho – SUSPENSÃO DAS BUSCAS
No dia 25 de junho o Corpo de Bombeiros anunciou que suspendeu as buscas por Isis.
Segundo o tenente Luis Augusto Negoseki, o motivo para a suspensão foi a falta de indícios, tanto nas buscas, quanto nas investigações.
De acordo com ele, pelo menos cinco mil hectares foram percorridos até aquele dia – área que equivale a mais de sete mil campos de futebol.
O foco foram localidades em Tibagi próximas a Telêmaco Borba e também a região de Mandaçaia, onde o rastreio dos celulares da jovem e do suspeito apontam que eles estiveram.
26 de junho – RETORNO DAS BUSCAS COM NOVA ESTRATÉGIA e MAIS SUSPEITOS
As buscas por Isis foram retomadas no dia seguinte à suspensão com mudança na estratégia: enquanto antes eram feitas apenas em áreas de mata, foram alteradas para margens de rios que ficam entre Tibagi e Telêmaco Borba.
O motivo foram denúncias anônimas recebidas pela Polícia Civil, segundo o delegado Jonas Avelar.
No mesmo dia, o delegado afirmou suspeitar que há mais pessoas envolvidas no desaparecimento.
“A gente está fazendo levantamentos e diligências e não descarta a possibilidade de ter outras pessoas que ajudaram o suspeito no desaparecimento dessa adolescente”, disse Avelar.
Questionado sobre quem são os novos suspeitos, ele disse que prefere não dar detalhes para não atrapalhar as investigações.
27 de junho – ADVOGADOS DA FAMÍLIA ABREM INVESTIGAÇÃO PARALELA
No dia 27 de junho, os advogados da família de Isis concederam uma entrevista coletiva afirmando que abririam uma investigação paralela para ajudar na apuração sobre o paradeiro da adolescente.
“Num primeiro momento precisamos saber se ela está viva ou morta. A partir disso que se desenvolvem caminhos para o processo. Os familiares acordam com a esperança de encontrar ela viva e adormecem com o sentimento dessa menina estar morta. A família está num turbilhão emocional muito grande”, disse o advogado Claudio Dalledone.
1º de julho – INVESTIGAÇÃO TROCA DE DELEGADO
De acordo com a Polícia Civil, no dia 1º de julho a responsabilidade do caso foi passada do delegado Jonas Avelar, de Tibagi, para o delegado Matheus Campos Duarte, de Telêmaco Borba.
O motivo são as férias de Avelar. O g1 questionou se quando o policial retornar das férias deve voltar a assumir o caso ou não e aguarda retorno.
“O delegado Matheus já vinha atuando no caso em conjunto com o delegado Jonas e agora liderará a força-tarefa designada para este inquérito’, disse a corporação, em nota.
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