Jovem é estuprada pelo chefe durante viagem a trabalho e pede justiça: ‘tenho medo de viver’


Empresário, de 32 anos, nega acusação. Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) investiga o caso. Jovem denunciou o ex-chefe por estupro
Samantha Rufino/g1 RR
“Eu tenho medo de medo de viver. Não estou vivendo a minha vida […] Não tenho vontade de sair”.
A declaração é da auxiliar administrativo, de 19 anos, que denunciou o ex-chefe, um empresário dono de um lava jato, de 32 anos, por estupro durante uma viagem a trabalho de Boa Vista para o Cantá. À Rede Amazônica, nesta segunda-feira (24), a vítima pediu que a justiça e autoridades deem atenção ao caso. O suspeito não foi preso e nega as acusação.
A jovem registrou boletim de ocorrência no plantão central especializado da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) na última quarta-feira (19), dia em que o estupro aconteceu. A Deam investiga o caso.
Ao g1, o empresário negou as acusação. “Já me apresentei a justiça e vou provar minha inocência”, declarou. Procurada sobre o assunto, a Polícia Civil informou que o prosseguimento da investigação está sendo realizado “com o devido sigilo necessário aos crimes contra a dignidade sexual.”
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Viagem a trabalho
Ela conta que tudo começou quando o chefe exigiu que ela o acompanhasse para uma viagem a trabalho no município do Cantá, interior de Roraima, onde teria uma prestação de contas a fazer. A jovem trabalhava há um mês no posto de lavagem, em Boa Vista.
A vítima relembra que durante o trajeto de ida ele chegou a elogiá-la. Segundo ela, o estupro aconteceu por volta das 10h30, no caminho de volta para Boa Vista, na BR-432.
“Foi quando ele falou que queria me apresentar um amigo, só ficava falando que queria me apresentar um amigo, queria me apresentar alguém. Ele parou o carro no meio da estrada, não estava nem no Cantá, mas não estava perto de Boa Vista ainda. Ele parou o carro e me atacou. Eu só fiquei imóvel, parada, não conseguia me mexer,” relembrou.
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Depois do primeiro ataque, a jovem conta que o empresário seguiu para uma área de matagal, próximo à rodovia, pois haviam muitos carros. Lá, continuou o estupro e foi violento com ela. A vítima contou ainda que nesta área mais afastada não havia sinal de celular e nem carros passando.
Eles retornaram para Boa Vista e a jovem chegou até a cumprir o restante do expediente, apesar de estar abalada emocionalmente, segundo ela. Em seguida, a vítima foi para casa e pegou um carro de aplicativo para a Deam, onde registrou o BO.
“Eu tenho medo dele. Ele é uma pessoa agressiva. Se eu dissesse qualquer coisa, eu tinha medo do que ele podia fazer”.
No dia seguinte, ele chegou a ligar para a jovem diversas vezes, mas não foi atendido. Desde então, ela não voltou para trabalhar, orientação dada na própria delegacia.
Para a jovem, o maior trauma não foi físico, mas sim o psicológico. Entre os traumas relatados, a jovem afirma que sente dificuldades para dormir e não tem mais vontade de sair de casa. Ela pretende procurar atendimento psicológico.
” Fico lembrando disso o tempo todo, isso acaba comigo. Eu vou buscar fazer acompanhamento psicológico e psiquiátrico”.
Justiça
Após denunciar o caso na Deam, a jovem passou por exames periciais no Instituto de Medicina Legal (IML). No mesmo dia, foi encaminhada para a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth para tomar medicações.
Depois, a orientação dada à ela foi que aguardasse até abril, quando será marcada uma reunião com a Promotoria de Justiça. No entanto, a demora preocupa a jovem e a família, tendo em vista que o suspeito sabe onde ela mora. Ela cobra agilidade das autoridades e da Justiça.
“Me sinto horrível. Eu espero que a justiça aja de alguma forma para que ele seja preso quanto antes”, reafirmou.
O sentimento é compartilhado pelo pai da vítima, de 52 anos, que a acompanhou durante a entrevista. Emocionado, ele disse que espera que o homem seja preso.
“Eu quero muito que a justiça seja feita”.
“É muito lamentável isso. A gente pensa assim, que nunca vai acontecer com a gente. Quanto mais tem cuidado, mais muito cuidado, eu ia buscar e deixar para não dar esse tipo de coisa e acaba acontecendo. Para mim, isso aí, tirar a felicidade de uma filha, é muito ruim”.
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