Três centímetros e barriga vermelha: conheça minissapo ameaçado de extinção no RS


Grupo de pesquisadores percorreu mais de 1,2 mil km pelo bioma Pampa entre novembro do ano passado e junho deste ano. Espécie é nativa do estado. Sapinho-de-barriga-vermelha-do-pampa chama a atenção pela coloração da barriga
Patrick Colombo/Divulgação
Pesquisadores do Rio Grande do Sul percorreram 1,2 mil km entre dezembro do ano passado e junho deste ano pelo bioma Pampa para mapear e investigar a presença do sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus sanmartini). O anfíbio, que mede até três centímetros, é de uma espécie rara, que está classificada pelo governo estadual como quase ameaçada de extinção.
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O objetivo das expedições é levantar dados e informações sobre a espécie nativa, a fim de elaborar estratégias de conservação. Isso ocorre pois parte dos hábitos da espécie, como a alimentação, ainda é alvo de estudos.
A iniciativa integra o Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção da Campanha Sul e Serra do Sudeste, que é coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado do Rio Grande do Sul (Sema).
“As expedições são a base para tudo. A gente pode saber o habitat exato do sapinho, onde ele canta, quando ele canta, o que ele come, como que está o ambiente dele ainda e outras informações fundamentais. Quanto mais precisas forem essas informações, melhores serão as nossas decisões na hora de planejar as estratégias de conservação”, explica o biólogo Patrick Colombo.
Duas saídas de campo já foram realizadas dentro do projeto. Elas passaram por um planejamento que incluiu a separação dos materiais para localizar a espécie – como gravadores, que captam o som do animal –, a definição dos locais que seriam mapeados e também os horários adequados para o trabalho.
Nas ocasiões, os sapos foram localizados tanto nos locais já previstos nas coordenadas quanto em outras áreas.
Os pesquisadores afirmam que o melhor período para localizá-los é o das chuvas, quando a espécie está em período de reprodução.
Sapinho-de-barriga-vermelha-do-pampa é encontrado em áreas de gramíneas
Patrick Colombo/Divulgação
Após a coleta de dados, os pesquisadores organizam o material na Coleção de Anfíbios do Museu de Ciências Naturais da Sema e elaborar relatórios sobre a pesquisa de campo. Eles destacam em um mapa os locais onde a espécie foi encontrada e avaliam novas áreas para futuros monitoramentos e estudos.
Além da preservação do sapo, o projeto tem a proposta de avaliar o estado de conservação de 30 espécies ameaçadas (16 da flora e 14 da fauna), assim como os respectivos ambientes. O território abrange 18 municípios e cobre uma área de mais de 36 mil km².
Espécie é nativa do RS
Sapinho-de-barriga-vermelha-do-pampa é encontrado no bioma Pampa
Patrick Colombo/Divulgação
O sapinho-de-barriga-vermelha-do-pampa é um anfíbio que mede até três centímetros e é localizado no pampa gaúcho. A coloração dele é castanha ou preta, com variações nos tons da barriga entre vermelho, laranja ou amarelo.
Os pesquisadores investigam do que se alimenta a espécie. Eles acreditam que os animais comem ácaros e formigas, de onde extraem toxinas usadas para defesa química contra predadores.
A expansão agrícola é a principal ameaça ao anfíbio, já que o sapo utiliza poças e pequenos riachos para se reproduzir. Quando secas, essas áreas estão suscetíveis a se tornar lavouras, estradas ou aterro.
Os cientistas reforçam que o principal caminho para a preservação da espécie são normas que limitem a criação de lavouras sobre áreas úmidas campestres e corredores ecológicos. Eles também reforçam a importância de elaborar unidades de conservação em áreas úmidas, onde o sapo se reproduz.
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