Orquestras em escolas na Paraíba deixam vivo legado do movimento Armorial criado por Ariano Suassuna


Há 10 anos, morria Ariano Suassuna, grande fundador do Movimento Armorial em 1970. Orquestras em escolas de João Pessoa, no entanto, deixam vivo o legado do movimento. Em 2021, a Orquestra Armorial Ariano Suassuna fez uma grande apresentação, comemorando seus 25 anos.
Arquivo pessoal / Yuri Ribeiro
Unindo a música popular nordestina com instrumentos musicais clássicos, orquestras em escolas particulares da capital da Paraíba têm deixado vivo um dos principais legados de Ariano Suassuna: o Movimento Armorial.
Pelo menos duas escolas na capital paraibana mantêm ativas orquestras armoriais: uma no Colégio Marista, desde 1996, e outra no Colégio Motiva, desde 2011. As orquestras têm como principais características o estudo, cultivo, produção e divulgação de uma arte autêntica brasileira baseada nas raízes populares.
O próprio Ariano Suassuna, em 2000, quando assistiu a uma apresentação da Orquestra Armorial do Marista, então regida pelo maestro Roberto Araújo, se emocionou ao ver os adolescentes tocando.
Orquestra Armorial Ariano Suassuna se apresentou em duas ocasiões na presença do próprio Ariano: em 2000 e 2012 e
Arquivo pessoal / Yuri Ribeiro
Segundo o maestro, ao terminar a apresentação, Ariano disparou: “Tenho medo da morte, mas se ela chegasse agora, me sentiria mais confortável depois dessa apresentação”. Ele estava ao lado de sua esposa, Zélia Suassuna, surpresos e emocionados.
O maestro Roberto Araújo continuou no comando da Orquestra do Colégio Marista até 2004. Em 2008, ele implantou o projeto no Colégio Motiva, em Campina Grande e João Pessoa.
Atualmente, a Orquestra do Marista está sob o comando do maestro Yuri Ribeiro, que, assim como Roberto, também nutre afeto não só pela música armorial, mas também por Ariano. “Eu acredito, de fato, que Ariano é o maior nome que a gente tem no Brasil”, diz Yuri.
“Quando recebi o convite, já foi para preparar a orquestra para irmos para o Congresso Internacional do Marista em São Paulo, abrir uma palestra do próprio Ariano”, conta Yuri.
O encontro, segundo ele, foi marcante. “Ali estávamos com um dos maiores nomes da Paraíba na arte, na educação e na cultura”, relembra o maestro.
Segundo ele, atualmente a orquestra no Marista conta com 28 alunos regularmente matriculados. Crianças a partir de 10 anos, chegando até em média os 17, quando finalizam o ensino médio e saem da escola, deixando a vaga e, mais uma vez, um legado do Movimento Armorial – e de uma autêntica arte brasileira – para os que ficam.
Fundador da Orquestra Armorial do Marista foi arrebatado pelo Movimento
Orquestra Armorial Motiva
Arquivo Pessoal / Roberto Araújo
Por influência da musicalidade presente em sua família, o maestro Roberto Araújo desde cedo começou a tocar instrumentos. Logo em seguida, começou a ler mais sobre o Movimento Armorial. Foi aí, então, que o encanto aconteceu. A mistura entre o popular e o erudito, que era a proposta do movimento Armorial para a música, logo arrebatou o maestro.
“Fiz curso de piano, tive um vizinho que tocava rabeca, aos sábados assistia a Pinto do Monteiro”, relembra o maestro. “Um dia meu pai disse: ‘você não vai tocar, vai começar a estudar'”, conta. “Aí eu comecei a estudar. Fiz o curso de Música e, nele, comecei a ler mais sobre o movimento Armorial. Acabei fazendo meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre o movimento”, relembra.
Em 1996, ele chegou ao Marista, para ser professor, e apresentou um projeto que tinha a proposta de oferecer oficinas práticas de instrumentos musicais. “Como eu já tinha escrito as partituras das músicas do Armorial, comecei a fazer estudo junto ao grupo instrumental resultado das oficinas. Na primeira apresentação pública, o grupo cativou o público”, relembra o maestro.
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