Radar que monitora chuvas em tempo real no RS inicia operação em agosto; entenda como equipamento funciona


Equipamento ficará no morro São João, em Montenegro. Climatempo, responsável por monitor, afirma que será possível mapear chuva em tempo real. Radar meteorológico está sendo instalado em Montenegro, no RS
Divulgação/Defesa Civil
O novo radar meteorológico do estado, instalado em Montenegro, a 77 km de Porto Alegre, e que prevê o monitoramento da chuva em tempo real deve começar a funcionar em agosto, de acordo com a Climatempo, responsável por montar e operar o equipamento por um período de cinco anos (veja, abaixo, como ele funciona).
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O equipamento veio da República Tcheca e chegou ao Brasil em junho, durante as enchentes que deixaram 182 mortos, 29 desaparecidos e 806 feridos. No entanto, ele havia sido anunciado no fim do ano passado, juntamente com a empresa vencedora da licitação, após as enchentes de setembro e novembro.
A escolha da cidade de Montenegro foi anunciada pelo governo estadual em 18 de abril. A medida levou em consideração a posição estratégica, que permite mapear a Região Metropolitana de Porto Alegre, o Vale do Taquari e parte da Serra. A área concentra uma população significativa e ainda não contava com um monitoramento mais preciso, segundo o estado.
Dados atualizados a cada 15 segundos
Raio de cobertura de radar meteorológico que deve funcionar no RS no segundo semestre
Defesa Civil/Divulgação
O equipamento vai monitorar dados meteorológicos da Região Metropolitana de Porto Alegre em um raio de 150 km. O equipamento prevê atualizações a cada 15 segundos, proporcionando um monitoramento em tempo real de chuvas, ventos e temporais. Por consequência, será possível mapear o volume dos rios, auxiliando na prevenção a enchentes.
“O equipamento será de grande importância para ajudar a identificar, com precisão e antecedência, riscos e as ameaças de fenômenos meteorológicos extremos que possam atingir Porto Alegre e Região Metropolitana”, afirma Cátia Valente, meteorologista da Sala de Situação do estado.
O diferencial do radar é uma tecnologia que usa modelagem nowcasting (em português, previsão do presente) e inteligência artificial. A meteorologista explica que, com isso, será possível realizar uma previsão de curto prazo, permitindo elevar a precisão dos dados analisados e, por consequência, ter maior confiabilidade na emissão dos alertas.
Em um primeiro momento, o equipamento vai passar por uma etapa de calibragem do software que vai analisar os dados. No entanto, ele já deve começar a operar no início de agosto, segundo a Climatempo.
O monitoramento será feito por uma equipe de seis meteorologistas na sede da Defesa Civil estadual, em Porto Alegre. Os especialistas serão responsáveis por alimentar os modelos que vão orientar os alertas emitidos à população pelo governo estadual.
Cenário atual e contrato
Segundo Cátia Valente, o governo trabalha atualmente com estações de monitoramento, que são diferentes do radar. Nelas, os dados atuais são de fenômenos que já aconteceram, diferente do novo equipamento, que deve mapear informações a cada 15 segundos.
Os dados serão fornecidos exclusivamente para o governo, em um banco de dados, como previsto na licitação, segundo a meteorologista.
Além disso, os equipamentos atuais são de superfície e usam inteligência artificial. Ou seja, para mapear uma área entre dois radares, ele faz uma média da informação selecionada e obtém o resultado, a exemplo do volume de chuvas em milímetros.
Estrutura do novo radar meteorológico que será instalado no RS
Divulgação/Defesa Civil
O contrato assinado com o governo faz parte de uma licitação homologada pelo estado em dezembro de 2023. O contrato prevê o mapeamento dos dados meteorológicos em um prazo de cinco anos, que pode se estender por mais cinco, ao fim do período.
Quatro tragédias em um ano
Com quatro tragédias climáticas em menos de um ano, o RS soma mais de 250 mortes entre junho de 2023 até este ano.
Na enchente de maio, dos 497 municípios do estado, 478 registraram transtornos relacionados aos temporais, afetando cerca de 2,4 milhões de pessoas.
As ruas, avenidas, estradas e rodovias atingidas pela inundação somam uma distância suficiente para atravessar Brasil de norte a sul ou de leste a oeste, segundo o Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP).
Imagem de satélite feita nesta segunda-feira (6) mostra região de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, tomada pela enchente
European Union/Copernicus Sentinel-2 via Reuters
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