“Vejo cooperativismo como única solução para a agricultura e pecuária do Brasil”, afirma presidente da Cravil


Cooperativa aposta em conhecimento e tecnologia para promover crescimento sustentável de produções rurais no Vale do Itajaí Em maio de 1971, cooperados de cinco cooperativas de produtores rurais da região do Vale do Itajaí se uniram para fundar a Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí (Cravil).
“Nós não tínhamos onde comercializar nossa produção, não tínhamos orientação. No final da década de 1960, ocorreu a Revolução Verde no Brasil, entendemos que era preciso aplicar as novas tecnologias nas propriedades para poder desenvolver nossa produção. Foi através da cooperativa que nós conseguimos fazer isso, unindo todos em torno de uma causa, que era desenvolver o Brasil, porque o corporativismo não é regional, ele é nacional e mundial. Naquele momento, o desenvolvimento do Brasil passava pela revolução na produção de alimentos. Eu vejo o cooperativismo como a única saída e a solução para agricultura e pecuária do nosso país”, diz Harry Dorow, presidente da Cravil.
Hoje, a Cravil possui mais de quatro mil associados e uma estrutura preparada para atender agricultores em mais de 40 municípios da região. São 55 unidades, 37 lojas agrícolas e supermercados, além de 17 unidades dedicadas ao recebimento e beneficiamento de cereais e leite de propriedades associadas.
Tudo isso é possível graças ao trabalho de cada pessoa cooperada e pela constante preocupação com o meio ambiente, que permite que as propriedades se mantenham férteis ao longo de tantos anos.
“A cooperativa se preocupa muito com a questão ambiental, com a preservação do solo, adubação verde, preservação da água e da mata nativa e com reflorestamento. Para nós, pequenos agricultores, isso é muito importante! A cooperativa faz um trabalho de conscientização ambiental dos agricultores para manter a área produtiva, tem todo um trabalho para que o agricultor possa ter a propriedade sustentável”, conta Hilário Kuneski, produtor rural e cooperado Cravil.
Esse cuidado com a sustentabilidade da produção é fundamental para o desenvolvimento profissional dos cooperados e para o desenvolvimento econômico da região.
Cuidados com a terra e prosperidade que atravessam gerações
Como as cooperativas são feitas de pessoas para pessoas, para a Cravil, um dos pontos mais importantes para garantir o desenvolvimento sustentável da produção é a permanência das famílias nas propriedades, a prosperidade e a realização pessoal e profissional dos cooperados.
Edvirges Rubick Kuneski, esposa do seu Hilário, conta que seu primeiro contato com o cooperativismo se deu ainda na infância.
“Desde pequena a gente acompanhou essa relação com o cooperativismo. Na época, minha mãe tocava a propriedade que eu morava, logo a duas milhas daqui onde a gente está agora. Ela tinha as vantagens de entregar a produção de leite na cooperativa. Entregava o leite e tinha os benefícios de ser associada”.
Assim como a companheira, Hilário Kuneski também vem de uma família de produtores rurais.
“A história começou com o meu pai e a minha sogra, que eram sócios, e com outros vizinhos, e a gente acompanhava ele na época. Quando nos casamos, meu pai transferiu parte da cota capital dele para a minha conta e entrei de sócio. Hoje, já coloquei meus filhos como sócios na cooperativa.
Eu sou a terceira geração da minha família nesta propriedade. Aqui a gente produz, a gente criou os filhos e somos felizes de viver num local sossegado, no interior, então é muito importante para nós fazer parte de uma história, e a gente vai tentando cultivar essa história até o tempo que a gente puder”, conta o produtor rural.
Juntos, Hilário e Edvirges contam com a companhia dos filhos, que saíram para estudar, mas sempre voltam com novidades e tecnologias para melhor aproveitamento da terra e de gestão da propriedade, impactando positivamente nos negócios.
“Para o futuro, eu imagino os meus filhos tocando essa propriedade, para que essa raiz não se perca. Vejo que esta terra tem bastante potencial, é só fazer algumas inovações, aplicar algumas tecnologias para que essa propriedade continue viva”, planeja Kuneski.
Investimentos em formação fazem parte do compromisso social da Cravil
Desde a sua criação, a Cravil fomenta o crescimento pessoal e profissional de cada cooperado, com ações que integram famílias associadas e comunidade, incentivando a participação de crianças e jovens, e mantém grupos de mulheres cooperativistas para a troca de experiências e o desenvolvimento de lideranças.
“Às vezes a gente deixa o serviço em casa e vai buscar novas experiências, aprender coisas novas, que acrescentam na vida, na propriedade, até na família”, conta Edviges sobre os eventos de formação oferecidos pela cooperativa.
E foi em busca de novas experiências e conhecimentos sobre cooperativismo que, na década de 1990, Hilário passou uma temporada na França, com outras jovens lideranças cooperativistas.
“Foi feito um concurso para poder classificar três jovens para ir para lá [França]. Então eu fui um dos que foram selecionados e, para mim, valeu muito a pena. A França é muito forte no cooperativismo, e nós aprendemos muitas formas de melhorar o sistema aqui no Brasil. Essa participação foi muito importante, me marcou muito, até hoje lembro do que aprendi lá e consigo aplicar aqui na nossa região”, relembra Kuneski.
Cooperativa promove práticas de cultivo que reduzem impacto ambiental
A parceria com universidades e outras instituições de pesquisa e tecnologia permite que cooperados da Cravil participem de treinamentos sobre técnicas e práticas de cuidados com o manejo da terra.
Nos treinamentos são apresentadas e oferecidas alternativas viáveis de manutenção do solo, recuperação de área e preservação do entorno, que possam ser facilmente replicadas nas propriedades.
A cooperativa incentiva as práticas de cultivos que reduzem os impactos ambientais, como a elevação das taipas na rizicultura, a recuperação das matas ciliares e o armazenamento de água da chuva. A Cravil também oferece produtos registrados para cada cultura, contribuindo para um desenvolvimento sustentável.
“Muitas vezes as pessoas não têm consciência de que é preciso cuidar do solo e do meio ambiente, por isso o trabalho da cooperativa é tão importante. Os técnicos dão acompanhamento para os associados, oferecem produtos biológicos que preservam a plantação, trazendo vários benefícios, como a produção de alimentos com mais qualidade, agregando valor na comercialização desses produtos”, afirma Hilário.
Crescimento de cada produtor cooperado impulsiona o crescimento de toda a sociedade
Para Dorow, todo conhecimento e desenvolvimento técnico propagado nos cuidados com o meio ambiente contribuem, ainda, com a evolução da comunidade.
“As tecnologias que nós desenvolvemos junto aos associados acaba sendo distribuída para toda a sociedade do meio rural, então é muito importante dizer que a cooperativa tem a função de proteger as propriedades dos cooperados, mas também faz um grande trabalho de desenvolvimento social”, defende o presidente da Cravil.
Parte desse desenvolvimento social passa pelo fato de que a cooperativa recebe a produção agrícola que os associados produzem. O produtor Hilário Kuneski explica:
“A cooperativa trabalha para a produção e também na comercialização, assim a gente pode aguardar a hora certa, quando o preço tá um pouquinho melhor. E ainda tem a garantia na participação proporcional do lucro da cooperativa”.
A Cravil vem incentivando a formação e a profissionalização dos agricultores, estimulando a participação de técnicos dentro e fora do país. Dorow explica que, para isso, a cooperativa conta com o apoio do Sescoop SC, do SESC e de universidades da região.
Para ele, esse apoio é determinante na construção de uma sociedade igualitária e de um futuro sustentável.
“Como no cooperativismo, a vida é um tripé, que tem o meio econômico, o meio ambiente e o meio social, e todos os três têm que funcionar bem porque se não funcionarem, certamente nós não teremos como sobreviver nesse mundo capitalista que existe”, finaliza Harry Dorow.
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