Casa sem muros no meio da Avenida Paraná guarda mais de 100 anos da história de Foz do Iguaçu: ‘Parece praça’


Família resistiu à desapropriação durante obras viárias e mantém imóvel no local. Casa foi desmontada e remontada no local onde permanece até hoje. Casa parece estar no centro de uma praça e é a única que resistiu às obras da Avenida Paraná
RPC
No meio do fluxo intenso da Avenida Paraná, uma das mais movimentadas de Foz do Iguaçu, uma casa sem muros chama a atenção. Envolta por árvores e cercada por ruas por todos os lados, ela parece estar no centro de uma praça.
No entanto, ali vive Rosa Escobar da Silva, de 89 anos, guardiã de uma história que atravessa mais de um século.
“O terreno da casa é uma fatia de pizza. […] Muita gente já chamou de loucura, e outros admiram, dizem que nunca viram uma casa de sítio no centro da cidade”, comenta a moradora.
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O esposo de Rosa trabalhava como eletricista
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Rosa conheceu seu marido, Borges da Silva, em Nova Fátima, no norte do Paraná. Ele era eletricista e foi transferido para Cascavel para trabalhar na construção da primeira usina elétrica da região.
Pouco tempo depois, nos anos 1940, foi enviado a Foz do Iguaçu para atuar na antiga geradora do Boicy, que fornecia energia à cidade antes da chegada de Itaipu.
“Depois que moramos um ano em Cascavel, ele foi chamado aqui [em Foz do Iguaçu] para auxiliar a Copel. Viemos para ficar quatro meses e estamos aqui há 60 anos”, conta dona Rosa.
A família se mudou de Nova Fátima, norte do estado, para morar em Foz do Iguaçu
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Para facilitar o trabalho, a família passou a morar nos fundos da geradora, em uma casa de madeira bem conservada.
Anos mais tarde, com a desativação da geradora e o avanço das obras de infraestrutura, eles precisaram sair do local. Sem condições de construir uma nova casa, decidiram levar a antiga residência e instalá-la no terreno em que está hoje.
O imóvel, que já tinha cerca de 40 anos na época, foi transportado inteiro, em cima de um caminhão — e é esse o que permanece de pé até hoje, no meio da Avenida Paraná.
“As pessoas que ajudaram a descarregar a mudança avisaram que a casa já tinha 40 anos. Moramos 13 anos lá e aqui estamos há 52. Então já tem mais de 100 anos”, afirma Rosa.
O que parecia um novo começo virou um marco. Durante a construção da avenida, todas as casas da região foram desapropriadas. Todas, menos a da família Borges.
“Os engenheiros planejavam a avenida assim. As outras casas saíram para a construção, mas nós fomos ficando por aqui”, explica a moradora.
Com o tempo, o endereço incomum passou a ser alvo de curiosidade e cobiça. Sem muros, isolado e bem localizado, despertou o interesse de diversas construtoras.
Mas o valor emocional falou mais alto. Marianne Llera da Silva, neta de dona Rosa e corretora de imóveis, confirma que propostas nunca faltaram.
“Já tivemos muitas ofertas, mas sabemos que tem um apego e um valor emocional pela questão da história. Quando ela resolver vender, tem gente na fila pra comprar”, diz Marianne.
A casa da família Borges é um símbolo de resistência e pertencimento. Um ponto fora da curva no crescimento urbano de Foz — e, para muitos, um pedaço vivo da história da cidade.
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