
Plataforma que inclui ainda gestão para restaurantes passou de dois funcionários no primeiro ano para 40 em 2025. Com negócios que se expandiram de Roraima para todo o Brasil, empreendedores Laercio Gentil, de 36 anos, e Leonardo Seefeld, de 35, apostam na inovação e facilidade para atrair clientes. Leonardo Seefeld, de 35anos, e Laercio Gentil, de 36 anos (da esquerda para a direita), criadores da Pigz, startup de Roraima.
Pigz/Divulgação
Com as restrições de circulação e o fechamento de restaurantes durante a pandemia, os empreendedores Laercio Gentil, de 36 anos, e Leonardo Seefeld, de 35, uniram os conhecimentos tecnológicos com o objetivo de resolver problemas para criar uma startup de delivery de alimentos e de serviço de gestão aos restaurantes, em Roraima. Em cinco anos, a empresa expandiu em 20 vezes o número de funcionários e está presente em todos os estados brasileiros, com faturamento estimado em R$ 6 milhões por ano.
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Criada em 2020, a Pigz tem mais de 1,5 mil empresas cadastradas em todo o Brasil — cerca de 400 delas em Roraima. Além das lojas do ramo alimentício, reúne mercados e farmácias, e até vendas de ingressos para eventos.
No início, a empresa tinha apenas dois funcionários: os fundadores. No primeiro ano, eles contrataram mais duas pessoas e a colocaram “no ar”. Atualmente, a equipe é composta por mais de 40 pessoas.
“Hoje temos mais clientes, empresas cadastradas fora de Roraima. É uma solução que ganhou o Brasil. Em todos os estados do Brasil tem pelo menos um cliente”, conta Leonardo, sobre a expansão da plataforma.
Startup desenvolvida em Roraima tem equipe composta por mais de 40 pessoas.
Yara Ramalho/g1 RR
A plataforma oferece um serviço presencial, disponível em todo o país, que permite que restaurantes administrem pedidos feitos em totens de autoatendimento, por QR Code nas mesas, aplicativo para garçons e no atendimento no balcão do estabelecimento parceiro.
📱 Além desse, há o serviço de marketplace de delivery, que atualmente funciona apenas em Boa Vista, capital de Roraima. Como uma espécie de shopping virtual – semelhante às vitrines do Ifood, o sistema é simples: a empresa trabalha em cima do cardápio virtual enviado pelo restaurante. A ideia é expandir o formato para os outros estados.
No site ou no aplicativo, os estabelecimentos são separados por dez categorias. O pedido é feito por meio deles e o pagamento é online ou no momento da entrega, de acordo com o escolhido pelo cliente. Atualmente, são cerca de 200 mil usuários cadastrados e mais de 24 milhões de pedidos feitos na Pigz.
“A Pigz é uma plataforma que atende o restaurante em todas as dores dele. A gente atende, a gente resolve a dor do restaurante desde a parte dele vender online, sem cobrar comissão por essas vendas como acontece em outros aplicativos. Mas não só isso, a gente tem uma plataforma de gestão para o restaurante”, afirma Laercio Gentil, responsável pela direção geral da empresa.
Startup oferece um serviço presencial que permite que restaurantes administrem pedidos feitos no estabelecimento.
Pigz/Divulgação
O serviço ofertado pela Pigz no marketplace é semelhante ao oferecido pelo iFood, empresa brasileira de delivery que atua na América Latina e administrada por grupo holandês. Para Laercio, a startup roraimense já concorre com a empresa e a pretensão é de que ela ganhe ainda mais espaço.
“A gente concorre na tela do celular, a gente divide espaço com o iFood porque tu tem o iFood e tu tem o [aplicativo do] Pigz para pedir. Então, eu acho que uma das nossas principais ações que a gente deve fazer dentro de casa é realmente começar a ganhar mais espaço em relação ao iFood”, explicou ele.
A Pigz é um dos 40 negócios inovadores mapeados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em Roraima, por meio do projeto “Sebrae Startups”, iniciativa que fomenta o empreendedorismo e a inovação no Brasil.
💡 Com o mapeamento, o Sebrae acompanha o crescimento do mercado e busca formas de fortalecer esses empreendimentos que criam soluções práticas com impacto direto na rotina da população.
“O Sebrae tem apoiado o desenvolvimento de negócios inovadores ao longo destes anos em diversos programas e editais, como o Inova Amazônia, além de iniciativas como o hackathon, que são as maratonas de inovação. No ano passado foram realizados, os hackathons do Turismo e do Agronegócio, com participação de mais de 50 pessoas, com o objetivo de trazer soluções tecnológicas para problemas reais destes setores”, explica Lucas Wolkartte, gerente da Unidade de Inovação do Sebrae em Roraima.
Em maio de 2025, o encontro “Sebrae Lab” reuniu mais de 100 participantes, entre empreendedores, investidores, estudantes e entusiastas do ecossistema de startups que discutiram iniciativas que podem ser implementadas no estado.
Mais praticidade
Empreendedora Elizabete Cezar Lobo, de 52 anos.
Yara Ramalho/g1 RR
Dona de uma lanchonete há onze anos no Centro de Boa Vista, a empreendedora Elizabete Cezar Lobo, de 52 anos, aderiu ao sistema de delivery há quase dois anos. Ao g1, ela contou que conseguiu administrar os lucros com mais praticidade e expandir as vendas.
“A gente não tem mais que estar ali no celular anotando pedido, onde corria o risco de sair errado. Na plataforma já sai tudo certinho, a gente economiza tempo, ganha mais dinheiro e consegue expandir para mais bairros”, disse.
Para o empreendedor, a plataforma tem um perfil diferente. Nela, eles conseguem visualizar os pedidos feitos de forma online, pelo aplicativo e as comandas locais. Eles são identificados com números, nomes e os valores.
“Ele ajuda no fechamento de caixa, ajuda nas taxas [de entrega], que já vem todas somadas. Então, assim, é uma praticidade para a gente porque o pedido já vem todo pronto, a gente só vai executar lá na cozinha e ai dá para o entregador entregar, é tudo mais prático”, explicou a empreendedora.
Plataforma permite que empreendedores controlem pedidos e o faturamento do caixa.
Yara Ramalho/g1 RR
‘Construir uma comunidade’
A ideia surgiu ainda em 2014 quando os fundadores trabalhavam em outras empresas. Mas só foi seis anos depois, no auge da pandemia da Covid-19, que saiu do imaginário. Ela foi motivada, principalmente, pelo fechamento de comércios, bares e restaurantes durante o lockdown em Boa Vista.
“A gente tinha restaurantes bem tradicionais aqui que não tinham um atendimento de delivery. Porque uma operação de delivery é um pouco complexa, tu tem que ter uma embalagem diferente, uma logística diferente e tudo mais. Alguns estabelecimentos estavam super habituados, exclusivamente, ao atendimento presencial”, contou Laercio.
À época, já existiam outras empresas de marketplace que ofertavam serviços de delivery de comida em Roraima, mas a ideia da dupla era construir uma plataforma que ajudasse os empreendedores e fosse parceira deles.
Escritória da Pigz em Boa Vista (RR).
Yara Ramalho/g1 RR
De acordo com os fundadores, a empresa não cobra comissão pelas vendas dos restaurantes. Com isso, os lojistas conseguem manter o produto com o mesmo preço no estabelecimento físico e no cardápio virtual.
“A gente busca ser diferente de outras plataformas, de outros marketplaces. A gente quer ser uma comunidade onde os restaurantes vão estar por parceria e não por necessidade. Então, eu acho que a gente busca muito isso, a parceria com os restaurantes para ser uma plataforma que vai ajudar ele a vender e não ser uma a mais que vai ganhar uma comissão em cima do que ele vende”, afirmou Leonardo Seefeld, diretor de tecnologia da empresa.
🐷 O nome foi escolhido pensando nessa economia dos clientes e das empresas. Pig é porco escrito em inglês, animal usado como um símbolo de poupança já que só engorda quando é bem tratado — nesse caso, com dinheiro. Já o Z é uma brincadeira com o $, a representação gráfica do dinheiro.
Um dos objetivos futuros dos empresários é expandir o marketplace de delivery para todo os estados do Brasil, oferecendo mais ferramentas aos empreendedores com a tecnologia 100% desenvolvida em Roraima.
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