
A caixa com 56 comprimidos, que dura cerca de um mês de tratamento, pode custar até R$ 10 mil. O governo estadual afirma manter diálogo com o governo federal para regularizar a situação. Falta de remédio do SUS afeta pacientes com esclerose múltipla no centro-oeste paulista
Moradores de diversas cidades do centro-oeste paulista sofrem para conseguir o medicamento Fumarato de dimetilo, essencial para o tratamento da esclerose múltipla. O remédio é distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas está em falta nas farmácias estaduais desde o segundo semestre de 2024.
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O problema tem afetado diretamente a rotina de pacientes que dependem do uso contínuo do medicamento para impedir o avanço da doença. A caixa com 56 comprimidos, suficiente para cerca de um mês de tratamento, pode custar até R$ 10 mil.
A bancária Ivana Alves, de Palmital (SP), relata a situação do marido, que vive com esclerose múltipla há cerca de 20 anos e está sem o remédio.
“Meu marido tem há aproximadamente 20 anos a esclerose múltipla remitente recorrente. E nós estamos passando por dificuldades com o remédio de alto custo. Ele toma o remédio Fumarato de dimetilo aproximadamente há uns 10 anos. E esse remédio foi o único que não deixou a doença progredir. Agora, como está já em falta, ele já tomou o último remédio e não temos previsões para pegar essa medicação.”, conta Ivana.
De Bauru (SP), a servidora pública Thaise Fernanda Cruz também demonstrou preocupação com a situação, já que sofre com a doença: “A falta dele preocupa bastante porque, querendo ou não, é um direito constitucional a gente ter a medicação para manter a saúde”.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que a compra do medicamento é responsabilidade do Ministério da Saúde, que realiza o envio aos estados.
O volume de medicamentos recebidos tem sido reduzido desde o segundo semestre de 2024, o que provoca atrasos na entrega aos pacientes. O governo estadual afirma manter diálogo com o governo federal para regularizar a situação.
O que é a esclerose múltipla?
Em entrevista à TV TEM, neurologista Dr. Leonardo Medeiros explica que a esclerose múltipla é uma doença autoimune rara, que afeta o sistema nervoso central.
“A esclerose múltipla é uma doença rara, autoimune, que ataca a bainha de mielina no sistema nervoso central. No nosso meio, de 18 a cada 100 mil habitantes.”, afirma.
Ainda de acordo com o neurologista, o medicamento é fundamental para evitar surtos e complicações graves.
“O remédio serve para diminuir a resposta imunológica, já que é uma doença autoimune. Então, ele diminui a chance de surto. A falta dele, infelizmente, pode acarretar em surto, perda de força e de visão. A gente não aconselha ficar sem a medicação.”, explica.
Existem três tipos principais da doença. A forma remitente-recorrente é a mais comum, representando cerca de 85% dos casos, e se caracteriza por surtos seguidos de períodos de melhora.
Já a forma primária progressiva evolui sem surtos, com sintomas que se agravam aos poucos. A secundária progressiva começa com surtos e remissões, mas com o tempo passa a apresentar piora contínua e progressiva, mesmo sem crises.
O neurologista Leonardo Medeiros explica que a esclerose múltipla é uma doença autoimune rara
TV TEM/Reprodução
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