Denúncia do MP aponta que mulher planejou junto com caseiro a morte do marido depois de descobrir traição, no Paraná


Fatima da Silva e Vagner Juliano Calixto Maria estão presos e foram denunciados por homicídio e ocultação de cadáver. Desaparecimento do agricultor Edmar Rodrigues foi registrado em janeiro deste ano, em Marialva. Defesa de Fátima disse que vai provar que ela não participou do crime. g1 aguarda a defesa de Vagner. Ministério Público do Paraná
RPC
Fatima da Silva, de 48 anos, e Vagner Juliano Calixto Maria, de 37 anos, foram denunciados por homicídio e ocultação de cadáver pelo Ministério Público (MP-PR). Segundo o MP, eles planejaram a morte de Edmar Alexandre Rodrigues, marido de Fátima. Edmar não é visto desde janeiro deste ano e a Polícia Civil (PC-PR) estava investigando o suposto desaparecimento, que foi registrado pela esposa.
O g1 teve acesso ao documento da denúncia. Nela, o MP afirma que Fátima planejou, junto com o caseiro Vagner, a morte do marido depois de descobrir uma traição dele. Segundo a denúncia, Edmar teria um envolvimento com Juliana Aparecida da Silva, esposa do caseiro. O caseiro e a esposa da vítima estão presos preventivamente na Cadeia Pública de Marialva.
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Fátima e Vagner foram denunciados no início de maio. O promotor de Justiça Júlio César da Silva ainda considerou que os crimes foram cometidos por motivo torpe, com dissimulação e recursos que dificultaram a defesa da vítima.
Durante as investigações do caso, a Polícia Civil (PC-PR) recebeu denúncias anônimas que falavam sobre o envolvimento de Fátima e de Vagner na morte de Edmar. Segundo o delegado Aldair de Oliveira, responsável pelo caso, a polícia ainda notou inconsistências nas informações prestadas por eles e por isso pediu a prisão temporária de Fátima, do caseiro e da esposa do caseiro.
O trio foi interrogado durante a prisão e Vagner chegou a confessar que matou Edmar a mando de Fatima. Ela também foi interrogada, mas preferiu permanecer em silêncio e optou por só se manifestar em juízo.
No dia 27 de abril, a Polícia Civil informou que roupas de Edmar encontradas em uma cova rasa confirmaram a suspeita de um caso de homicídio seguido de ocultação de cadáver. O corpo dele ainda não foi encontrado.
O envolvimento de Juliana, esposa do caseiro, no assassinato de Edmar não foi confirmado pela investigação, e por isso ela foi solta e não foi denunciada pelo Ministério Público. Contudo, conforme o delegado, ela continuará sendo investigada em liberdade, em um procedimento que tramita paralelamente ao processo principal.
O advogado Israel Batista De Moura, que atua como assistente de acusação, representando a família de Edmar, disse que estão dando assistência ao Ministério Público e que mais pessoas e fatos aparecerão.
O advogado Douglas Rocha, que atua na defesa de Fátima, enviou uma nota ao g1 sobre o caso.
“A defesa da acusada reafirma que ela sofre os efeitos de uma acusação sem provas e de uma prisão absolutamente ilegal, baseada numa narrativa incompatível com os autos e com a realidade dos fatos. Devemos lembrar que, quando a Justiça se veste de ilusão, perde o brilho da verdade. Provaremos ao longo da instrução que Fátima não teve qualquer participação. Com os fatos narrados da denúncia, seguiremos com ética e respeito a legalidade até que a verdade se imponha sobre a injustiça”, disse Rocha.
O g1 tenta contato com o advogado de Vagner e Juliana.
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Como a traição foi descoberta
Delegacia de Marialva
Deppen-PR
Segundo o documento da denúncia, Vagner e a esposa Juliana trabalhavam como caseiros na propriedade de Edmar, auxiliando nos cuidados de vacas leiteiras. Após um tempo, o denunciado descobriu que a esposa estava tendo um relacionamento com a vítima.
Edmar e Vagner chegaram a conversar sobre o assunto e o agricultor prometeu doar um terreno de mil metros quadrados como “compensação” da traição. Contudo, a propriedade era da mãe de Edmar, que não aceitou a transferência das terras.
Como não recebeu o terreno prometido, Vagner contou sobre a traição para Fatima e os dois passaram a planejar a morte de Edmar. Segundo a denúncia, Edmar foi assassinado no dia 2 de janeiro.
O delegado Aldair informou que o boletim de desaparecimento de Edmar foi registrado por Fátima no dia 3 janeiro. A princípio, ela disse que ele havia saído de casa no dia anterior e não voltou mais.
“Depois realizamos diligências, mas, nos primeiros momentos, nós levantamos suspeitas sobre a versão que era contada pela esposa dele, como horários e itinerários que não batiam”, informou Aldair.
Denúncias anônimas e inconsistências nas informações levaram às primeiras suspeitas contra a esposa de Edmar
Delegado fala sobre investigação do desaparecimento de agricultor no PR
Durante as investigações, a polícia também recebeu denúncias anônimas que diziam que Fatima havia sido a mandante do assassinato de Edmar e que houve a participação de um casal que havia trabalhado para eles na propriedade. Depois, um testemunho protegido confirmou as informações denunciadas, segundo o delegado.
Aldair informou que foram ouvidas 20 pessoas no inquérito. A investigação também reuniu laudos periciais e dados de celulares dos investigados.
Com a junção das provas e denúncias, o delegado optou por pedir a prisão temporária de Fatima, Vagner e Juliana, por 30 dias, em março. Como a investigação continuou, o prazo da prisão foi prorrogado.
Agricultor foi enganado pela esposa para sair de casa e ser pego em emboscada, diz polícia
De acordo com o delegado, quando Vagner foi interrogado, ele primeiramente negou o envolvimento no crime. Contudo, quando algumas provas foram apresentadas, ele confessou o assassinado de Edmar.
Ele contou à polícia que a morte do agricultor foi idealizada por Fatima. Segundo Vagner, ela atraiu Edmar para fora de casa, alegando que precisavam buscar lavagem para os porcos que criavam. Foi na volta para a casa que o assassinato aconteceu.
Conforme o depoimento do ex-caseiro, Fatima escondeu uma arma próximo a uma cerca, para que ele pegasse e fosse até o ponto de encontro combinado entre eles. Vagner disse que parou o carro nas imediações da Estrada Ribeirão Sarandi, dentro do limite territorial de Maringá, e levantou o capô para fingir que o veículo estava quebrado.
“Ele disse que a Fatima e a vítima estavam retornado pra casa, quando pararam o carro para dar ajuda e foi nesse momento que o Vagner deu dois tiros na cabeça de Edmar. Ele colocou a vitima na caçamba do carro da Fatima e foram até a cova onde ficou o corpo dele no inicio”, contou o delegado.
Polícia acredita que Fatima desenterrou Edmar, o esquartejou e o jogou em um rio
O delegado informou que no depoimento de Vagner, o suspeito contou que Fatima estava apreensiva que a polícia encontrasse o corpo de Edmar durante buscas feitas na casa dela em fevereiro.
Por isso, Vagner contou que ela foi até onde o corpo do agricultor estava enterrado, o tirou da cova e o esquartejou. Depois, colocou os pedaços em um tambor e jogou no Rio Pirapó.
À polícia, Vagner disse que não participou dessa fase. De acordo com o delegado, existe a suspeita de que outra pessoa, ainda desconhecida, tenha participado desse momento com Fatima.
Segundo o delegado Aldair, foram encontrados um shorts e uma cueca, que eram usadas por Edmar quando ele desapareceu. As roupas estavam em uma área de mata e foram encontradas após uma varredura da Polícia Cientifica.
O delegado informou que foram colhidas amostras das peças para serem analisados pelos peritos. No local também foram encontrados vestígios de um corpo humano.
“Nós ainda não sabemos o destino que foi dado a esse corpo, mas agora nós temos a certeza material de que se trata de um homicídio seguido de ocultação de cadáver praticado pela ex-esposa, Fatima, junto com o ex-caseiro, Vagner”, explicou o delegado.
Roupas de Edmar foram encontradas em uma cova rasa.
Polícia Civil (PC-PR)
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