Médica suspeita de prometer aplicações de Mounjaro, mas utilizar outros medicamentos no lugar, é presa no Paraná


Bruna Lopes, que está com registro profissional suspenso, também é suspeita de reutilizar seringas em aplicações, segundo investigação. Defesa dela negou acusações e disse que médica não foi formalmente acusada. Delegado conta como médica atuava antes de ser presa no PR
A médica Bruna Lopes foi presa preventivamente na tarde desta quinta-feira (15) em Maringá, no norte do Paraná. Ela é suspeita de aplicar o medicamento Mounjaro de forma ilegal e reutilizar seringas em pacientes, de acordo com a Polícia Civil (PC-PR).
O remédio, que é utilizado para tratamento de diabetes, se tornou popular após apresentar resultados também em pessoas que buscam emagrecimento. A venda dele está prevista para iniciar neste mês de maio no Brasil, sendo necessária receita médica para compra.
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Segundo o delegado Bruno Delfino Sentone, a médica anunciava nas redes sociais o uso de Mounjaro para tratamentos, atraia clientes, mas utilizava canetas emagrecedoras de outra marca.
Além disso, ainda conforme o delegado, a médica estava com a habilitação para exercício da medicina suspensa desde março, quando o Ministério Público do Paraná (MP-PR) iniciou uma investigação contra ela em Colorado por suspeita dos mesmos crimes que motivaram a prisão na quinta. Leia mais detalhes sobre a investigação aqui.
Em nova investigação, a polícia descobriu que Bruna permaneu atuando de forma clandestina nas cidades de Arapongas e Sabáudia.
Sentone explicou que Bruna usava outras pessoas como intermediárias para fazer as aplicações dos medicamentos. Em alguns casos, também enviava doses fracionadas em um isopor para a casa dos pacientes.
“Essa médica estaria oferecendo tratamento para emagrecimento, um tratamento ‘milagroso’, no qual elas iriam perder uma quantidade significativa de peso em pouco tempo. As vítimas contrataram esse tratamento e nas aplicações aqui na cidade de Arapongas notaram que a caneta emagrecedora que era aplicada era diferente daquela que era vendida e oferecida pela médica. Essas registros de atendimento e de aplicações foram feitos pelas próprias vítimas, como também pela médica que expunha essas aplicações nas redes sociais”, explicou o delegado Bruno Sentone.
Momento em que a médica é presa, em Arapongas.
Polícia Civil de Arapongas
Bruna também é investigada por crimes como estelionato e propaganda enganosa.
“Isso chegou ao nosso conhecimento e, diante do do frontal descumprimento da decisão judicial, representou se então pela prisão preventiva, o que foi acatado pelo Poder Judiciário e realizada a prisão na data de hoje”, explicou o delegado.
As investigações continuam para identificar se há outras vítimas e eventuais coautores. Os policiais fizeram buscas em um dos consultórios da médica, onde foram apreendidas canetas injetoras, frascos dos medicamentos e materiais para perícia.
O advogado de defesa de Bruna, Luciano Mazeto, disse ao g1 que não foi comunicado sobre a investigação da polícia de Arapongas. Ele também negou as acusações.
“Cumpre destacar que os fatos investigados ainda estão em apuração, não há denúncia oferecida até o momento, e a médica sequer foi formalmente acusada, o que acentua o caráter desproporcional e antecipatório da medida aplicada”, diz a nota enviada.
O g1 aguarda retorno do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) sobre o caso.
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Médica também foi denunciada por funcionários
Médica é suspeita de atuar com a aplicação de medicamentos para emagrecimento proibidos no Brasil.
Reprodução/Rede sociais/Polícia Civil
Em março deste ano, o MP-PR informou que recebeu denúncias de funcionários da clínica que Bruna atuava. Eles disseram ter presenciado as irregularidades e temiam ser responsabilizados pela situação.
No dia 24 de março, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de no consultório da médica.
À época, o Mounjaro ainda não era vendido no Brasil – regra que foi atualizada em abril pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com exigência de receita médica.
Leia mais: Alvo de contrabando, Mounjaro vira febre para perda de peso
O MP-PR informou ao g1 que apurou que a médica, que é gastroenterologista e hepatologista, encomendava pequenas quantidades da seringa do medicamento pelos Correios de forma clandestina, antes da autorização da venda.
A quantidade de medicamentos não supriu a demanda dos clientes e, conforme o relato dos denunciantes, ela passou a aplicar Wegovy ou Ozempic – que são mais baratos, promovem emagrecimento e já eram vendidos no país – sem informar os pacientes.
Para essa ocultação, a seringa era coberta com fita crepe ou com uma etiqueta do Mounjaro, conforme o MP-PR. Alguns pacientes que foram ouvidos pela promotoria disseram que perceberam essa troca e a reutilização das canetas.
O delegado Bruno Sentone divulgou que uma das pacientes, após receber aplicações, fez tratamento com coquetéis por não saber se foi, ou não, contaminada com alguma doença devido a esta prática de reutilização.
Segundo informado pelo MP-PR, não há indícios de que os proprietários da clínica em que ela atuava estavam cientes da situação.
O medicamento
O princípio ativo do Mounjaro, chamado tirzepatida, age no controle da taxa de açúcar no sangue e do peso de pacientes. A fabricante afirma que essa é a primeira medicação disponível e aprovada capaz agir nos receptores dos dois hormônios que agem no controle do apetite.
Entenda: Mounjaro, concorrente do Ozempic, chega às farmácias em maio; saiba data e preço das versões do remédio
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