Santa Catarina é o quarto maior produtor de alimentos orgânicos do país


Produção impulsiona renda de pequenos agricultores e promove saúde à população Movida pela busca da população por uma alimentação mais saudável, a agricultura orgânica vem conquistando espaço no Brasil e no mundo. Em 2024, o setor faturou cerca de R$ 7 bilhões, de acordo com dados da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis). Com a expansão do mercado, surgem oportunidades para os produtores catarinenses, uma vez que o estado ocupa o quarto lugar nacional no ranking de produção de orgânicos.
De acordo com dados da Comissão da Produção Orgânica de Santa Catarina (CEPORG), em um levantamento feito em parceria com a Superintendência Federal da Agricultura em Santa Catarina (SFA/SC), há 1.275 Unidades de Produção Orgânica no estado — as chamadas UPOs. Ainda, outras 700 propriedades estão em processo de certificação.
Esse tipo de produção gera oportunidades para que os produtores possam diversificar os negócios, já que a tendência dos orgânicos tem crescido com rapidez. Sustentável, rentável e voltada à saúde de quem consome, essa prática está em expansão, impulsionada pelo apoio técnico de instituições com alta credibilidade, como a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
O que é a produção orgânica?
A produção orgânica se diferencia por dispensar o uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos, ou seja, todo o cultivo é feito através do respeito aos ciclos naturais da terra. O método também não utiliza organismos geneticamente modificados (OGMs) ou outras substâncias sintéticas. Mais saudável para o consumidor, o cultivo orgânico também promove a biodiversidade e minimiza o impacto ambiental.
O resultado é o cultivo de alimentos mais limpos, que mantêm suas propriedades nutricionais e não oferecem os riscos associados ao consumo de resíduos químicos. Ao mesmo tempo, a prática contribui para a preservação do solo, da água e dos ecossistemas locais.
Esse tipo de cultivo é, principalmente, vantajoso para a agricultura familiar. Cerca de 80% dos produtores orgânicos catarinenses são pequenos agricultores que encontraram nesse nicho uma alternativa viável para ampliar a renda e agregar valor ao que produzem. Em vez de competir em volume com grandes fornecedores, esses produtores se destacam pela qualidade e pela diferenciação dos produtos.
Produção de orgânicos cresce em Santa Catarina e fortalece a agricultura familiar.
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Potencial que vai além da sustentabilidade
Além de ser uma alternativa mais sustentável e natural para a agricultura, o cultivo orgânico também resulta em um impacto econômico significativo. Um relatório do Sebrae/SC aponta que o setor movimenta, anualmente, cerca de R$ 30 milhões no estado, com perspectiva de crescimento. A expansão das feiras orgânicas, o fortalecimento de canais diretos de venda — como cestas por assinatura e mercados itinerantes — além do o avanço das compras públicas, como no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), têm garantido a comercialização constante da produção.
Entre os produtos mais cultivados no sistema orgânico em Santa Catarina estão hortaliças, frutas, arroz, feijão, mel e leite. A diversidade climática do estado favorece o plantio em diferentes regiões, garantindo uma oferta ampla e variada durante todo o ano. Além disso, a proximidade entre campo e cidade facilita a logística e a construção de cadeias curtas de comercialização, o que aproxima produtores e clientes.
O crescimento do setor é resultado da mudança no comportamento de compra do consumidor, que cada vez mais, está atento à procedência e aos impactos dos alimentos que comem. Nos últimos cinco anos, houve um aumento expressivo na demanda por produtos orgânicos, especialmente nas áreas urbanas, onde o apelo por saúde e sustentabilidade é ainda mais presente.
Além de ser mais natural, a produção orgânica é embarcada de diversos recursos tecnológicos que atestam a qualidade dos alimentos. A Epagri atua, há mais de 30 anos, com pesquisas para o desenvolvimento de cultivares desenvolvidos para o sistema orgânico, bem como investimentos em tecnologias para controle de pragas e doenças, nutrição das plantas, entre outras novidades.
De acordo com a instituição, o tomate é uma das culturas orgânicas mais desafiadoras. Este fruto, popular na mesa dos catarinenses, já é produzido através de um sistema moderno — o Tomatorg. Desenvolvido pela própria Epagri, ele permite alcançar rendimentos superiores a 80 toneladas por hectare, o dobro do que se observa nos cultivos orgânicos do Estado.
Outro destaque é a fruticultura, sendo a região Sul Catarinense referência em produção de banana orgânica. Hoje, mais de 100 famílias, organizadas em cooperativas e associações, cultivam quase 500 hectares e colhem mais de 4 mil toneladas da fruta, ao ano.
Confira as matérias do Riquezas da Terra no G1 e saiba mais sobre a agricultura em Santa Catarina.
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