Mortes de indígenas na Terra Yanomami caem 21% em 2024, aponta Ministério da Saúde


Terra Indígena Yanomami registrou 337 óbitos durante todo o ano passado, 91 a menos do que em 2023, quando foram 428 mortes. Dados são do novo informativo do Centro de Operações de Emergências (COE) Yanomami, do Ministério da Saúde. Construção do Hospital em Surucucu, na Terra Yanomami
Oséias Martins/Rede Amazônica
O número de mortes de indígenas na Terra Indígena Yanomami caiu 21% em 2024 na comparação com o ano de 2023, quando o governo federal reconheceu a crise sanitária no território. A região registrou 337 óbitos de janeiro a dezembro do ano passado, segundo dados do Ministério da Saúde (MS).
Em 2023, o número de mortes era de 428 — ou seja, 91 mortes a mais. Os dados são novo boletim do Centro de Operações de Emergências (COE) Yanomami, publicado na segunda-feira (5), e divulgado com exclusividade pelo Fantástico.
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A Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil com quase 10 milhões de hectares entre os estados do Amazonas e Roraima, onde está a maior parte. Cerca de 32 mil indígenas vivem na região, em 392 comunidades.
🔎 Contexto: o território está em emergência de saúde pública desde janeiro de 2023. Nos anos anteriores, os indígenas da região enfrentaram graves casos de desnutrição e malária devido ao avanço do garimpo ilegal. Essa atividade impacta diretamente a vida dos indígenas, causando desmatamento, contaminação dos rios pelo uso de mercúrio e danos à caça e pesca.
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De acordo com o boletim, a principal causa dos óbitos no ano passado foram por agressões: 79. Ela é seguida por “outras causas”, com 60 óbitos, e infecções respiratórias agudas, que causaram 47 mortes (veja mais no gráfico abaixo).
Apesar de ser a terceira maior causa de mortes, a infecção respiratória aguda (IRA) foi uma das causas com maior redução em 2024, passando de 89 óbitos em 2023 para 47 no ano passado. O número representa uma queda de 47%.
Os óbitos relacionados a malária e desnutrição também tiveram redução de 42% e 20%, respectivamente. Durante todo o ano de 2023, foram registrados 26 óbitos por malária, número que caiu para 15 em 2024.
➡️ Já no caso da desnutrição, em números absolutos, a diminuição foi de 44 óbitos em 2023 para 15 mortes no ano passado.
Segundo o Ministério da Saúde, “com o restabelecimento da assistência em saúde, foi possível reduzir os vazios assistenciais, ampliar ações preventivas e obter dados mais fidedignos sobre a situação epidemiológica local”.
“Tais esforços resultaram na queda significativa dos óbitos pelas principais causas relacionadas às condições de vulnerabilidade dessa população”, ressaltou no documento.
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Redução de óbitos evitáveis
O documento também mostra uma redução de 26% do número de óbitos evitáveis. Em 2023, a Terra Indígena Yanomami registrou 179 mortes classificadas desta forma. Já em 2024 foram 132, são 47 casos a menos.
O Ministério da Saúde considera como evitáveis as mortes que poderiam ser prevenidas por ações eficazes, como a promoção, prevenção, diagnóstico precoce ou tratamento oportuno, incluindo causas que podem ser reduzidas por imunização, atenção adequada à gestação, parto e puerpério, controle de doenças infecciosas e condições sensíveis à atenção primária no território.
Sala vermelha atende casos graves na Terra Yanomami.
Samantha Rufino/g1 RR
Os dados do COE Yanomami não eram atualizados desde agosto de 2024, quando os números apontaram que 74 indígenas morreram só no primeiro trimestre do ano. À época, houve um apagão de dados.
Em fevereiro de 2025, o g1 mostrou que o número de profissionais na Terra Indígena Yanomami quase triplicou em dois anos de emergência. Agora, o território conta com 1.781 servidores, 158% a mais que os 690 profissionais que tinham em janeiro de 2023, quando a emergência de saúde foi decretada.
Um Centro de Referência de Surucucu, região referência em saúde no território, deve ser inaugurado em setembro deste ano. A unidade vai ser o primeiro hospital de atenção especializada em território indígena do Brasil. A previsão inicial de entrega era para o mês de agosto.
Terra Yanomami
Dois anos do decreto de emergência na Terra Yanomami.
Arte g1
Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial. Localizado no Amazonas e em Roraima, o território abriga 31 mil indígenas, que vivem em 370 comunidades. O povo Yanomami é considerado de recente contato com a população não indígena e se divide em seis subgrupos de línguas da mesma família, designados como: Yanomam, Yanomamɨ, Sanöma, Ninam, Ỹaroamë e Yãnoma.
O território stá em emergência de saúde desde janeiro de 2023, quando o governo federal, a partir da posse de Lula (PT), começou a criar ações para atender os indígenas, como o envio de profissionais de saúde e cestas básicas. Além de enviar forças de segurança a região para frear a atuação de garimpeiros.
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