
Centro de Curitiba ganha protagonismo com propostas criadas por especialistas em um movimento coletivo, o sprint urbano, por espaços mais vivos, humanos e integrados. Ao longo da história, os centros urbanos sempre foram o coração pulsante das cidades. Desde as primeiras civilizações, essas áreas concentravam atividades políticas, religiosas, culturais e econômicas. Na Grécia Antiga, a ágora era mais que uma praça: era um espaço de expressão pública, onde decisões coletivas moldavam os destinos da pólis.
Já na Idade Média, os centros urbanos se estruturavam ao redor das igrejas e mercados, funcionando como pontos de encontro, troca e proteção para os habitantes. Esses espaços abrigavam a vida comunitária e serviam como palco das principais dinâmicas sociais da época, reforçando o papel central que os centros sempre tiveram na construção da identidade e do cotidiano das cidades.
Com o passar dos séculos e o avanço das revoluções industriais, as cidades passaram por uma intensa transformação. A urbanização acelerada, a setorização funcionalista do século XX muito influenciada por modelos como os de Le Corbusier e o advento do automóvel, fizeram com que as cidades deixassem de ser compactas e multifuncionais para se tornarem espalhadas e segregadas. Os centros, antes lugares de habitação e convivência, passaram a abrigar apenas atividades comerciais e administrativas.
Apresentação do Sprint Urbano no terceiro dia do Smart City Expo Curitiba 2025
Divulgação: Catalunya Filmes.
Esse esvaziamento do uso residencial e o abandono de usos mistos criaram um cenário comum a muitas cidades brasileiras: um centro que pulsa durante o dia, mas adormece (ou até assusta) à noite. O sentimento de pertencimento e segurança se esvaiu junto com os moradores, e com isso, perdemos a potência do centro como espaço democrático, plural e vivo.
Foi diante desse cenário que surgiu o Sprint Urbano, uma iniciativa promovida pelo iCities, com apoio da Proa Arquitetura, Rodrigo Freire como um dos responsáveis e patrocínio da Construtora Laguna, com o objetivo de escutar, mapear e propor soluções concretas para o Centro de Curitiba. A proposta foi simples na essência, mas poderosa na prática: reunir diferentes olhares para cocriar caminhos possíveis para a revitalização, requalificação e reocupação dessa região que guarda a memória e a identidade da capital paranaense.
Desde 9 de janeiro, o Sprint Urbano promoveu uma série de reuniões, conversas, visitas técnicas com especialistas, trocas com a comunidade e oficinas colaborativas. O ponto alto da iniciativa aconteceu em março, com uma intensa maratona de sete dias consecutivos. Tudo começou na sexta-feira, dia 21, com um dia de download realizado na sede da Proa Arquitetura, um momento de imersão em conteúdos relevantes, com palestras de especialistas das áreas envolvidas.
No sábado e domingo (22 e 23), aconteceram caminhadas pelo centro de Curitiba, uma vivência opcional mas bastante prestigiada, onde os participantes puderam observar, sentir e dialogar diretamente com o território. De segunda a quinta-feira (24 a 27), durante o Smart City Expo Curitiba 2025 , o Sprint Urbano contou com um espaço exclusivo e dedicado aos especialistas envolvidos, consolidando a produção colaborativa das propostas ao longo de quatro dias intensos de trabalho coletivo.
Espaço dedicado ao Sprint Urbano durante o Smart City Expo Curitiba 2025
Divulgação: Catalunya Filmes.
Nesses dias intensos de construção colaborativa, os integrantes puderam contar com a presença da atual gestão e contribuições inspiradoras dos palestrantes chave da edição, o urbanista canadense Charles Montgomery e o arquiteto urbanista Edson Yabiku.
O resultado desse processo foi entregue à atual gestão, no dia 14 de abril no Paço da Liberdade: um compilado com 99 + 1 ideias, sendo o + 1 uma representação da colaboração da sociedade, possuindo sempre + 1 ideia para compor, e as 99 ideias foram sistematizadas a partir das escutas e análises realizadas por arquitetos, urbanistas, empresários e entusiastas da cidade integrantes do seleto grupo do sprint.
O caminho é claro: quando nos unimos, ativamos a escuta ativa e desenvolvemos a nossa cidadania, conseguimos atingir patamares de aprimoramento em prol do objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas, e principalmente das novas gerações, ensinando através do exemplo e da colaboração que podemos viver melhor e sermos felizes no espaço urbano. É mais do que dar uma nova vida, é manter a alma do lugar.