Ex-reitor, advogado e suspeito de agredir ex-esposa: quem é Regys Freitas, alvo da PF por esquema de desvios milionários na UERR


Polícia Federal cumpre mandados na casa de Regys Freitas na manhã desta terça-feira (8), em Boa Vista. Justiça bloqueou mais de R$ 100 milhões dos investigados no esquema. Regys Odlare Lima de Freitas ocupava o alto escalão do governo
Reprodução/UERR
Reitor da Universidade Estadual de Roraima (UERR) por oito anos, advogado, ex-policial civil, doutor em direito e suspeito de agredir a ex-esposa. Regys Odlare Lima de Freitas, atuava como controlador-geral de Roraima, é suspeito de integrar um esquema que desviou mais de R$ 100 milhões em licitação na Universidade Estadual de Roraima (UERR) e foi alvo da Polícia Federal nesta terça-feira (8).
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Regys é suspeito de superfaturar serviços e direcionar licitações da universidade para uma empresa de engenharia. O ex-reitor é investigado por desvios de dinheiro público, lavagem de capitais e organização criminosa.
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As equipes cumprem medidas cautelares determinadas pela Justiça Estadual de Roraima, entre elas busca e apreensão, sequestro de bens, apreensão de veículos e de valores, colocação de tornozeleira eletrônica e bloqueio de R$ 108 milhões em bens.
Foram apreendidas na casa de Regys joias, dinheiro e relógios de ouro. A PF também apreendeu dinheiro em espécie. Mais de 4 mil euros, 6 mil dólares e mais de R$ 7 mil.
O g1 tenta contato com a defesa de Regys e de Claudio. Por meio de nota, a UERR informou que a Polícia Federal esteve no campus do bairro Canarinho, onde ficam os setores administrativos da Universidade, para cumprir uma ordem da Justiça.
Destacou que o mandato foi apenas para a busca e apreensão de documentos, e a UERR entregou tudo o que foi solicitado, colaborando totalmente com a decisão judicial.
👩‍🎓 Ex-reitor da UERR
Operação da Polícia Federal contra corrupção na UERR, em Boa Vista
João Gabriel Leitão/g1 RR/Arquivo
Regys atuou como reitor da UERR de 2015 a 2023. Ele assumiu o cargo ainda na gestão da ex-governadora Suely Campos (PP). No ano seguinte, em 2016, ele tomou posse como o primeiro reitor eleito na instituição. Em 2019, foi reeleito ao cargo.
Em 2019, chegou a ser afastado do cargo de reitor pelo governador Antonio Denarium (PP), mas conseguiu na Justiça ordem para voltar à função. Regys, à época, afirmou que Denarium havia se baseado em fake news para decretar seu afastamento e o do seu vice-reitor, Elemar Favreto.
Em 2020, Regys demitiu a professora Ivanise Maria Rizzatti, que foi proibida de participar das bancas de defesa de três pesquisas de conclusão de curso que foram orientadas por ela. Ivanise foi professora efetiva do curso de química por 10 anos, mas foi demitida em 24 setembro.
De acordo com o então reitor, ela foi coordenadora de um projeto financiado pelo Governo Federal em que houve erro em compra de materiais. Ela disse não tinha acesso ao sistema para alterações no plano.
À época, Regys chegou a proibir a entrada e permanência de seis professores concursados na instituição que demonstraram apoio à Ivanise durante um ato dentro da universidade. A Justiça suspendeu a decisão.
O fim da gestão de Regys na UERR foi marcada pela operação Harpia da Polícia Federal e pela eleição do então vice dele como novo reitor da instituição. A investigação ocorreu após a PF ter apreendido R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo numa ação que apurava um esquema de pagamento de propina que envolvia a UERR.
Suspeito de agredir ex-esposa, ameaçar e vazar conversas íntimas
Regys Freitas também é suspeito e agredir, ameaçar e perseguir a ex-esposa, uma estudante de medicina, após o término do casamento. A Justiça concedeu uma medida protetiva e proibiu ele de se aproximar da vítima.
O ex-casal tem uma filha de 4. Eles estão separados desde 2023, conforme cita a decisão judicial assinada pelo juiz do 2º juizado de violência doméstica, Jaime Plá Pujades de Ávila.
Ao conceder a medida, o juiz levou em consideração relatos da estudante de que o relacionamento com Regys acabou porque ele a xingava de “vagabunda, manipuladora, doente mental, mentirosa, psicopata” e dizia que “você não vai ser ninguém, sem mim (sic)”. Ainda segundo ela, Regys vazou conversas íntimas dela até para o pastor da igreja.
Regys afirmou à época em nota que a decisão foi expedida “com base exclusivamente na palavra da mulher, mesmo que sem provas, como é o caso, é uma prerrogativa desta vara especializada”. Disse ainda que apresentou provas à Justiça e que aguarda nova decisão judicial.
Ainda no relato da vítima que embasou a decisão, ela disse que as agressões aconteceram no período de cinco meses após a separação, quando a ela ainda morava na mesma casa que Regys enquanto esperava a residência ficar pronta.
“Como se não bastasse, em outra ocasião, quando ela afirmou que ia solicitar medidas protetivas, ele proferiu novas ameaças e a agrediu fisicamente com puxões de cabelo e empurrões”, detalha trecho da medida protetiva.
Em um dos trechos da decisão, a estudante relatou que uma das maneiras que Regys encontrou para intimidá-la foi vazando conversas intimas dela até para o pastor da igreja que frequenta. Ela disse ainda que não sabe como ele teve acesso às gravações de ligações.
O caso foi encaminhado à Patrulha Maria da Penha. O contato com a filha, a partir da decisão, deve ser feito por intermédio de outra pessoa.
Controlador-geral de Roraima exonerado
Governador Antonio Denarium e Regys Freitas
Reprodução/Facebook/Regys Freitas
Regys Odlare ocupava a função de controlador-geral desde 2 de janeiro de 2024. O cargo tem status de secretário de Estado e integra o alto escalão do governo.
Ele assumiu a controladoria-geral substituindo João Alfredo de Souza Cruz. Ele foi exonerado do cargo nesta terça-feira (8) após a operação.
Operação Cisne Negro
Ex-reitor é alvo da PF por desvio de R$ 100 milhões de licitações na UERR
Servidores e ex servidores da UERR também são investigados. As equipes cumprem medidas cautelares determinadas pela Justiça Estadual de Roraima, entre elas busca e apreensão, sequestro de bens, apreensão de veículos e de valores, colocação de tornozeleira eletrônica e bloqueio de valores.
A operação é um desdobramento de uma ação que apreendeu R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo para pagamento de propina na UERR, em agosto de 2023. A quantia foi encontrada em fardos etiquetados com R$ 50 mil.
Os fardos de dinheiro, que estavam escondidos dentro de sacos de lixo, foram encontrados pela PF nos fundos da casa do irmão de um empresário suspeito de participar do esquema, em Boa Vista.
Os sacos com o dinheiro estava atrás de telhas. No local, também foram apreendidos quase 5 mil litros de combustíveis armazenados de forma irregular.
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