Moradores de Petrópolis se assustam com aumento de acidentes com picadas de cobras; foram quase 800 notificações no RJ em 2024

Ano passado, 793 pessoas foram picadas por serpentes em todo o estado. Três morreram. Só nos dois primeiros meses de 2025, já foram 104 registros de acidentes. Segundo biólogos, elas costumam aparecer mais em dias quentes. Aumento de acidentes com cobras assusta moradores de Secretário, na Região Serrana
Moradores de Secretário, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, estão assustados com o aumento do número de picadas de cobra. Segundo biólogos, elas costumam aparecer mais em dias quentes.
Ano passado, 793 pessoas foram picadas por serpentes em todo o estado. Três morreram. Só nos dois primeiros meses de 2025, já foram 104 registros de acidentes.
Moradores fizeram um abaixo-assinado pedindo o soro antiveneno de cobras mais perto de Secretário, Pedro do Rio, Itaipava e adjacências. Eles dizem que o soro contra o veneno do animal só está disponível em postos de saúde que ficam bem distantes.
O documento tem quase 2 mil assinaturas e o objetivo é chegar 2,5 mil. A medida pode trazer mais tranquilidade às pessoas.
Nesta área rural, moradores estão acostumados com cobras, principalmente com a jararaca. Porém, eles dizem que o contexto mudou de alguns meses para cá, com o aparecimento frequente de uma outra espécie venenosa: a cascavel.
O veneno é perigoso e age de forma instantânea. Causa dor, inchaço, hemorragia, e pode ser fatal.
A percepção dos moradores é que os ataques aumentaram, o que é reforça a necessidade de ter o soro a disponível num posto de saúde mais próximo.
Patrícia Maganin passava por uma área de mata perto de casa quando sentiu uma fisgada no tornozelo direito.
“Eu senti uma fisgada, aí olhei para trás olhei a cobra e sai correndo. Eu falei: ‘tenho que sair daqui’”, conta Patrícia.
Ela procurou socorro com o marido de carro. O casal mora em Secretario, Petrópolis, e como nos postos médicos próximos não tem soro antiofídico, eles percorreram 15 km até a UPA de Itaipava.
Mas orientação foi seguir até a UPA de Cascatinha, totalizando quase 30km de viagem. Com o congestionamento que pegaram no caminho, foram quase 2 horas até lá.
“Eu lembrando que cada minuto que passa e pior, e não é brincadeira, não. O que mais ajuda a população para mim, é o soro (estar) mais perto”, conta o marido de Patrícia, Jorge Carvalho.
Maique e Eduardo sofreram a mesma angústia, no último sábado (15). Eles fizeram a viagem numa ambulância até a upa de cascatinha.
“Se a gente for picado aqui, até chegar no centro de Secretário para chegar lá em Cascatinha, demora um pouco. Se tivesse esse soro aqui perto, seria melhor para a gente. Porque aqui está dando muita cobra, ainda mais a cascavel. Fiquei dois dias no UPA da Cascatinha. Aí, depois foi só para ficar fazendo revisão”, disse o ajudante de obra Maique de Souza.
“De secretario para lá, eu não estava sentindo mais nada. Só dormente”, conta Eduardo Oliveira, jardineiro.
“A gente estava aqui papeando, conversando. De repente, vemos uma cobra do nosso lado e era uma cascavel”, conta a fotógrafa Isabella Fernandes.
Um cachorro na vizinhança levou uma picada no olho e está se recuperando no veterinário. Nessa quinta (20), aconteceu com um cavalo.
Segundo biólogos, as cobras podem estar aparecendo com mais frequência por causa de queimadas e aquecimento global.
“Normalmente, nos períodos de verão ou dias mais quentes é mais provável de acontecer. Já no inverno é menos frequente. Um outro detalhe é que o verão é época de nascimento dessas cobras. Então, a gente tem disponibilidade maior de cobras no ambiente”, explica Cláudio Machado, biólogo do Instituto Vital Brazil.
A orientação é manter distância da cobra.
“Não tente coletar nem tente pegar o animal. Não devemos fazer nem garrote e nem torniquete. A gente não deve amarrar o local da picada, apesar dos filmes do cinema mostrarem isso, é contraindicado. Mantenha a calma e procure atendimento médico com urgência”, alerta o biólogo.
A TV Globo procurou a prefeitura de Petrópolis, responsável pelos postos de saúde citados na reportagem, que disse que a quantidade de doses de soro que recebe atualmente é suficiente para manter apenas uma unidade de referência no município. Além disso, afirmou que busca o aumento dessas doses para abrir uma segunda unidade de referência em Itaipava ou Pedro do Rio.
A Secretaria Estadual de Saúde do RJ informou que recebe as doses de soro do Ministério da Saúde, que leva em conta a quantidade de acidentes com serpentes, e que distribui o soro em 26 polos pelo estado, definidos em conjunto com os municípios.
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