Direção de maternidade pública na Grande Natal abre investigação para apurar se houve negligência em morte de fetos na unidade


Pelo menos duas mães que perderam os bebês informaram que vão acionar a Justiça. Direção informou que parecer preliminar de um dos casos apontou que não houve negligência. Hospital Maternidade Divino Amor, em Parnamirim, na Grande Natal RN
Kleber Teixeira/Inter TV Cabugi
A direção do Hospital Maternidade Divino Amor, unida de saúde pública em Parnamirim, na Grande Natal, abriu uma investigação para apurar as mortes de fetos de grávidas que ocorreram na unidade de saúde nas últimas semanas.
Segundo a diretora-geral do hospital, Walquiria Oliveira, os casos têm sido apurados por um Comitê de Ética empossado pelo Conselho Regional de Medicina. Pelo menos duas mães informaram que vão acionar a Justiça por conta dos atendimentos (veja mais abaixo).
Um dos casos apurados, segundo a diretora-geral, teve um parecer preliminar que apontou que não houve negligência do hospital.
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“Uma análise prévia foi dada e não houve negligência no primeiro caso. O segundo caso está em julgamento ainda e não temos ainda uma resposta definitiva”, disse.
“Podemos afirmar que: está sendo apurado, estão sendo levantadas todas as hipóteses com documentos, com os profissionais, e que todas as respostas serão dadas no momento hábil que se deve ter. Respaldada dentro da técnica e da legitimidade”.
Além desses dois casos, segundo a direção da unidade, há ainda uma investigação pela morte de três fetos em uma gestação de trigêmeos.
Na tarde desta quinta-feira (13), a Comissão de Saúde da Câmara de Parnamirim também fez uma visita à maternidade para fiscalizar as condutas na unidade.
Mães vão levar caso à Justiça
Pelo menos duas das mães confirmaram que vão entrar com uma ação judicial contra a maternidade por entenderem que houve negligência no atendimento.
A operadora de caixa Karolaine Soares foi uma das grávidas que perderam o bebê nas últimas semanas. Ela contou que estava com a barriga enrijecida e procurou atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), onde foi recomendada procurar a maternidade para realizar um exame de ultrassonografia de urgência, para saber o estado do bebê.
“Eu pedi à médica e a médica disse que não seria possível realizar [o exame]. Ela só quis fazer o exame do toque. Logo apoós o exame do toque, eu comecei a sangrar. E simplesmente ela me deu uma dipirona na veia e passou exame de sangue e de urina”, contou Karolaine Soares.
“Ela disse que era normal logo após o exame de toque sangrar. Ela me mandou pra casa. Eu continuei sangrando e no outro dia eu voltei para levar uma coleta da urina que no dia anterior não foi possível fazer, porque justamente eu estava sangrando, e lá eles não aceitam”, pontuou.
Logo após voltar para a casa da mãe depois de deixar o hospital, ela teve uma hemorragia e foi socorrida e levada pelo pai de volta ao hospital.
“Chegando lá eles me levaram direto pra cesárea de urgência. Infelizmente a minha filha já estava sem batimentos cardíacos, sem vida. Mas na segunda, ela [a médica] fez a ausculta do coração da minha filha e ela estava com vida. No dia anterior”, lamentou.
“Está sendo muito difícil pra mim. Eu estou passando pelo processo do resguardo sem ter a minha filha nos braços. E é muito difícil porque a minha filha era muito saudável, estava tão perfeito, e por causa de um exame praticamente eu perdi a minha filha”.
‘Fui maltratada’, diz mulher que perdeu bebê
A dona de casa Dinayse Andressa é outra que vai levar o caso à Justiça. Ela contou que estava com uma dor muito forte e que chegou a ficar internada no hospital por 11 dias até receber uma liberação, mesmo perdendo líquido.
“Eu disse: ‘Doutora, você vai me liberar, eu perdendo líquido’. Ela disse para eu não me preocupar que estava tudo bem com minha filha. Eu entendi que estava normal, vim pra casa”, disse Dinayse.
Como a dor continou, Dinayse retornou ao hospital no sábado passado (8). Foi quando recebeu a notícia de que a filha estava morta.
“Quando cheguei lá, ela fez o [exame de ] toque, olhou pra mim e disse: ‘Sua filha está morta dentro de você’. Desse jeito. Foi tão decepcionante, tão deplorável o que ela [médica] fez comigo”, contou.
Uma ultrassonografia confirmou a morte da bebê. “Me levaram para outra sala e me fizeram ter ela [por parto] normal, pedindo pra fazer força. E eu pedindo para tirar por cesárea”, lamentou Dinayse Andressa.
“Fui muito maltratada ali dentro e eu peço que ninguém nunca passe pelo que eu passei ali dentro. Tem muitas mãezinhas sofrendo ali dentro. Eu peço socorro, justiça pelo amor de Deus”.
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