‘Só dava orgulho para a gente’, dizem pais de universitária que morreu afogada após abertura de barragem no RS


Caso aconteceu em Salto do Jacuí, no Noroeste do estado. Ana Júlia Correa Vieira, estudante de engenharia elétrica, não conseguiu escapar e foi levada pela água. Polícia investiga morte de jovem afogada em uma barragem em Salto do Jacuí
Os pais de Ana Júlia Correa Vieira, estudante de engenharia elétrica que morreu afogada em uma cachoeira na cidade de Salto do Jacuí, no Noroeste do Rio Grande do Sul, custam a acreditar que perderam a filha.
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“Uma menina de 19 anos, universitária, maior sonho era ser engenheira elétrica, com uma nota excelente no curso, uma técnica em eletromecânica, uma técnica em saúde vocal, formada com 16 anos. Então, uma menina que só dava orgulho para a gente”, conta a mãe, Maria Carmelinda Correa.
Na última terça-feira (4), Ana Júlia estava com um grupo de pessoas em uma cachoeira no Rio Jacuí quando uma delas alertou sobre o sinal sonoro emitido pela barragem Maia Filho para a abertura das comportas. Todos que estavam na cachoeira conseguiram sair, exceto a jovem, que foi levada rio abaixo, afirma o Corpo de Bombeiros.
“Quando começou a descer a água é que começaram a correr, mas para ela foi tarde. Eu peço que as autoridades alertem, que coloquem fiscalização no local, para que ninguém mais passe pelo que estou passando”, chora a mãe.
Pais de Ana Júlia Correa Vieira, estudante que morreu afogada em uma cachoeira na cidade de Salto do Jacuí, falam sobre a filha
RBS TV
No momento do acidente, três amigos estavam com Ana. Abalados, eles não quiseram dar entrevista. Todos conseguiram sair da água. Eles contaram para a mãe da Ana que ela tentou tranquilizar os amigos quando a correnteza chegou.
“Quando eu cheguei lá, eles estavam desesperados, sabe? Eles foram para o hospital, alguém levou, porque daí as famílias foram chegando. Eles contam que ela conseguiu, então, falar alguma coisa. ‘Eu estou tranquila, eu estou tranquila, eu sei nadar. Se salvem, se salvem porque eu saio dessa’. Não sei se ela pensou, se ela não tinha mais força, ela achava que ia conseguir nadar”, conta a mãe.
“Carinhosa, estudiosa e sonhadora”
Ana Júlia Correa Vieira, 19 anos, estava com um grupo de pessoas no local conhecido como Cachoeira do Saltinho, em Salto do Jacuí.
Arquivo Pessoal
Segundo o pai de Ana, Ivo Becker Vieira, a filha “amava estar na água”. Para ele, o que sobrou foi a saudade de uma pessoa pessoa carinhosa, estudiosa e sonhadora.
“Uma menina com 19 anos, o sonho de ser engenheira elétrica. Ela era um anjo, um espírito de luz”, diz o pai.
Saudade que os amigos também sentem.
“Ela faz uma falta imensa, vai Ser horrível porque a gente tem que voltar para a universidade segunda e a gente não vai ver ela às Sete e meia, a gente vai entrar na sala de aula e ela não vai estar lá, ela nunca mais vai voltar”, conta a amiga Manuela Baccin da Rosa.
Investigação
A Polícia Civil instaurou inquérito nesta quinta-feira (6) para investigar o caso. Neste momento, caso é tratado como um acidente, sem que haja qualquer indício de crime ou omissão.
Conforme o Corpo de Bombeiros, do local onde houve o acidente não se ouve a sirena que avisa da abertura das comportas. Além disso, que o local é impróprio para banho.
A CEEE Geração, responsável pela barragem, lamentou o acidente. em nota, explicou que “a sirene soa toda vez que há aumento da vazão para geração de energia elétrica” e que “todos os procedimentos operacionais que são realizados rotineiramente na barragem Maia Filho seguem rigorosamente as diretrizes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)”.
Local em que o acidente aconteceu em Salto do Jacuí
RBS TV
Nota da CEEE Geração
“A CEEE Geração lamenta profundamente a fatalidade ocorrida ontem, 04/03, na cascata do Saltinho, em Salto do Jacuí/RS, cujo acesso fica em propriedade de terceiros. A empresa reforça que todos os procedimentos operacionais que são realizados rotineiramente na barragem Maia Filho seguem rigorosamente as diretrizes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
É importante esclarecer que a usina em questão é despachada pelo ONS, ou seja, o órgão determina o início e o fim da geração de energia de acordo com a necessidade no RS e no Brasil. Conforme o procedimento, a sirene soa toda vez que há aumento da vazão para geração de energia elétrica. Em relação ao volume de água, depende da quantidade de energia que o ONS determina que seja gerada.
As comportas foram fechadas imediatamente em atendimento à solicitação dos Bombeiros. A CEEE Geração reitera seu pesar e se solidariza com os familiares e amigos da jovem, neste momento de dor”.
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