Área de 14 mil hectares de mata é preservada por meio de créditos de carbono no Sul de RR


Projeto evita desmatamento de área equivalente a 6 mil campos de futebol e prevê investimentos de R$ 50 milhões em conservação e bioeconomia. Crédito de carbono preserva 14 mil hectares em Roraima e inaugura novo ciclo de sustentabilidade
Divulgação/ZEG
Uma área de 14 mil hectares de mata em Caracaraí, Sul de Roraima, está sendo preservada do desmatamento através de um projeto de crédito de carbono liderado pela ZEG, empresa especializada em soluções para descarbonização. A iniciativa foi oficialmente lançada nesta quarta-feira (19) em uma cerimônia na presença de autoridades e convidados.
A ideia é representar um avanço no uso do mercado voluntário de carbono para a proteção ambiental. A área, que equivale a 6 mil campos de futebol, fica localizada a 35 km da sede de Caracaraí e pertence ao agricultor Ademar Bedin, de 54 anos, que iria usar o espaço para o agronegócio.
🔎 O que é créditos de carbono? É um valor pago pela redução da emissão desse e de outros gases. Geralmente, cada unidade de crédito de carbono é igual a uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) ou sua equivalência em outros gases de efeito estufa que deixaram de ser emitidos.
📝🌱Uma empresa que emite 100 toneladas de gases do efeito estufa pode, por exemplo, comprar 100 créditos como compensação.
Entenda o que é o crédito de carbono
Cerimônia de lancamento da Redd+ Vale do Rio Branco
Caíque Rodrigues/g1 RR
O projeto foi batizado de Redd+ Vale do Rio Branco pela ZEG e estabelece um padrão para a geração de créditos de carbono, combinando conservação da biodiversidade, incentivos à bioeconomia e mensuração precisa das emissões evitadas. Segundo Carlos Jacob, sócio-diretor da empresa, o projeto segue diretrizes internacionais para garantir a integridade dos créditos gerados.
“Os projetos Redd+ combatem o desmatamento ao transformar áreas que poderiam ser exploradas em reservas produtivas de serviços ambientais. Cada crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 que deixa de ser emitida. Isso é possível por meio da manutenção da floresta em pé e da captura do carbono pelas árvores e pelo solo”, explica Jacob.
Carlos Jacob, sócio-diretor da ZEG e head da ZEG Florestal
Caíque Rodrigues/g1 RR
🔎 O que é Redd+? É um mecanismo que busca diminuir as emissões de gases de efeito estufa resultantes que saem da degradação das florestas, incentivando também práticas como manejo sustentável e aumento dos estoques de carbono. Faz parte das iniciativas globais de combate às mudanças climáticas.
O investimento inicial na fase de implementação do projeto é de R$ 15 milhões, destinados à construção de infraestrutura anti-incêndio, monitoramento por imagens de satélite e instalação de equipamentos de vigilância.
🌲💸 Preservação que pode ser lucrativa
Registro de onça-pintada feito no território cedido à ZEG
Divulgação/ZEG
A área do projeto, localizada a 150 quilômetros de Boa Vista, seria destinada à pecuária e ao cultivo de soja, atividades que têm se expandido rapidamente na região. Com a iniciativa da ZEG, estima-se que 4 milhões de toneladas de CO2 deixarão de ser lançadas na atmosfera ao longo de 40 anos – e se tornarão créditos. Além disso, a diversidade de fauna e flora do local permanece intacta
Ademar Bedin resolveu viver em Roraima desde 2020 para investir no agronegócio. Ele reconsiderou usar a terra para criar gado após conhecer a proposta da ZEG e resolveu “se abrir para novas possibilidades”.
“Quando comprei a terra, minha intenção era produzir. Mas a ideia de transformar a área em um modelo de conservação sustentável me convenceu. O projeto tem potencial para beneficiar não só o meio ambiente, mas também a comunidade local”, relata Bedin.
Ademar Bedin, de 54 anos, agricultor e dono do território protegido
Caíque Rodrigues/g1 RR
Caio Zini, diretor de novos negócios da ZEG, destaca que a empresa obteve o direito de superfície da propriedade por 40 anos, garantindo segurança jurídica para a gestão da área.
“O proprietário continua detendo a titularidade da terra, mas toda a gestão e manutenção ambiental ficam sob a responsabilidade da ZEG. Em troca, ele participa da receita gerada pelos créditos de carbono”, explica Zini.
Caio Zini, diretor de novos negócios da ZEG
Caíque Rodrigues/g1 RR
Além da mitigação climática, o projeto contribui para a conservação da biodiversidade na Amazônia. Estudos ambientais apontam a presença de espécies ameaçadas na área, como a onça-pintada e o tamanduá-bandeira.
📄 Redd+ Vale do Rio Branco
A iniciativa também prevê o fortalecimento da bioeconomia local, incluindo o manejo sustentável da castanha-do-brasil e a capacitação de comunidades para atividades de extrativismo sustentável.
O projeto será submetido à certificação da Verra, organização responsável por validar créditos de carbono no mercado internacional. O investimento total, incluindo o valor da terra, ultrapassa os R$ 50 milhões.
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