Menina de 4 anos reclama de fortes dores na barriga e família é surpreendida com diagnóstico de câncer: ‘Meu mundo desabou’


Maysa Helena Dos Santos Faria, diagnosticada com neuroblastoma, tem enfrentado o câncer infantil com o apoio da família e do Hospital da Criança e Maternidade Rio Preto. Menina de 4 anos reclama de fortes dores na barriga e família é surpreendida com diagnóstico de câncer
Reprodução / HCM
Maysa Helena Dos Santos Faria, de apenas 4 anos, começou a sentir dores na barriga em novembro de 2024. O que parecia um problema simples logo se transformou no maior pesadelo de sua família: a menina foi diagnosticada com um câncer raro e agressivo. Desde então, enfrenta sessões de quimioterapia no Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto (SP), a mais de 300 km de sua cidade natal, Palmital (SP).
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A mãe, Mariane dos Santos Nantes, de 25 anos, lembra que, no início, pensou se tratar de um mal-estar passageiro, no entanto, os sintomas persistiram, e Maysa começou a perder o ânimo para brincar. “Ela sempre foi muito ativa, então estranhei quando começou a ficar quietinha, dizendo que não queria brincar porque a barriga doía”, relembra;
Diante da piora, a família decidiu buscar atendimento em um hospital maior, onde exames mais detalhados foram solicitados. O resultado foi um choque. “Meu mundo desabou quando descobri que minha filha tinha câncer. Eu não sabia o que fazer”, diz Mariane.
No primeiro momento, os médicos acreditaram que o tumor fosse menos agressivo, mas novos exames confirmaram que se tratava de um neuroblastoma, um tipo raro e agressivo de câncer infantil que atinge o sistema nervoso e, no caso de Maysa, estava localizado na região abdominal.
Menina de 4 anos reclama de fortes dores na barriga e família é surpreendida com diagnóstico de câncer
Arquivo pessoal
Diante da gravidade do caso, a menina foi encaminhada com urgência para o Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto (SP), referência no tratamento de câncer infantil. A distância de mais de 300 km de Palmital exigiu uma mudança repentina na rotina da família.
“Foi tudo muito rápido. Um dia a gente achava que era só uma dor de barriga, no outro já estávamos arrumando as malas para ficar no hospital”, conta a mãe.
Desde então, Maysa enfrenta o tratamento com sessões de quimioterapia intensivas. Cada ciclo exige internações de cinco dias, seguidas por um intervalo de três semanas até a próxima aplicação. Apesar dos desafios, a menina encontrou conforto no hospital, especialmente na brinquedoteca e nas amizades que fez. “Ela sabe que às vezes tem que tomar uma picadinha para matar o “bichinho” dentro dela. E a cada visita, ela vai se adaptando mais”, explica.
Raro e agressivo
O neuroblastoma é um dos tipos mais raros e agressivos de câncer infantil, com origem nas células nervosas em desenvolvimento. Esse tumor afeta principalmente as glândulas adrenais, localizadas acima dos rins, mas pode surgir em outras regiões do corpo, como tórax, medula espinhal e abdômen. A doença é mais comum em crianças com menos de cinco anos e, em alguns casos, pode já estar em estágio avançado no momento do diagnóstico.
De acordo com a oncologista pediátrica e coordenadora do setor de Oncologia Pediátrica do HCM, Dra. Juliana Cristina Lourenço de Souza, o neuroblastoma pode crescer rapidamente e causar sintomas variados, dependendo da localização do tumor. “Na maioria das vezes, ele provoca aumento do abdômen, dor intensa e perda de peso, mas pode também afetar o funcionamento de outros órgãos, dependendo da região onde se desenvolve”.
Menina de 4 anos reclama de fortes dores na barriga e família é surpreendida com diagnóstico de câncer
Arquivo pessoal
Outro fator preocupante do neuroblastoma é que ele pode apresentar metástase precoce, atingindo ossos, fígado e medula óssea. O tratamento varia conforme o estágio da doença e pode envolver quimioterapia, cirurgia, radioterapia e imunoterapia, um método que estimula o sistema imunológico do paciente a combater as células cancerígenas.
“É um câncer raro, mas, como todos os tipos de câncer infantil, é tratado com o uso de tecnologias avançadas e apoio multiprofissional”, destaca a médica.
No caso de Maysa, o tratamento inicial envolve múltiplos ciclos de quimioterapia, com possibilidade de radioterapia em uma etapa futura. No HCM, ela tem acesso a equipamentos de alta precisão que realizam radioterapia direcionada para reduzir os danos aos tecidos saudáveis ao redor do tumor. “O objetivo é reduzir ao máximo o impacto da doença e melhorar as chances de cura”, completa doutora.
Câncer infantil em números
O câncer infantil representa cerca de 3% dos casos de câncer no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Todos os anos, cerca de 12 mil novos casos da doença são diagnosticados no país. Apesar de ser mais raro do que o câncer em adultos, os tumores infantis costumam ser mais agressivos e evoluem rapidamente, tornando o diagnóstico precoce essencial para aumentar as chances de cura.
No Hospital da Criança e Maternidade de São José do Rio Preto (HCM), onde Maysa está internada, aproximadamente 50 novos casos de câncer infantil são registrados anualmente. Atualmente, 60 crianças estão em tratamento ativo na unidade, sendo nove internadas. O setor de Oncologia Pediátrica do hospital conta com uma equipe multidisciplinar para oferecer suporte integral aos pacientes e suas famílias.
Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de São José do Rio Preto (SP)
Foto: Divulgação
A jornada contra o câncer, no entanto, vai além do tratamento médico. Para os pais, o impacto emocional e as dificuldades do dia a dia são imensos. Mariane, mãe de Maysa, relata os desafios de estar longe de casa e lidar com a incerteza da doença.
“A gente deixa tudo para trás. Casa, trabalho, rotina… Minha vida parou para cuidar da Maysa. No começo, eu não sabia como ia dar conta de tudo”, desabafa.
Além das dificuldades práticas, o desgaste emocional também é intenso. A psicóloga responsável pela Oncologia Pediátrica do HCM, Daniela Barbosa Dias, explica que o câncer infantil afeta toda a família, não apenas a criança em tratamento. “Os pais vivem um turbilhão de emoções, que vão do medo à esperança. A adaptação ao hospital, a rotina de exames e a separação do restante da família são fatores que agravam o estresse”, afirma.
Segundo ela, espaços como a brinquedoteca ajudam a tornar o ambiente hospitalar menos intimidador para as crianças e proporcionam um alívio momentâneo para os pais.
O Dia Internacional de Combate ao Câncer Infantil, celebrado em 15 de fevereiro, reforça a importância do diagnóstico precoce e do acesso ao tratamento adequado. Segundo o INCA, quando detectado nas fases iniciais, o câncer infantil pode ter taxas de cura superiores a 70%.
Para Mariane, cada dia ao lado da filha é uma batalha vencida.
“O mais difícil é ver a Maysa passando por tudo isso, mas eu sei que estamos no lugar certo e sendo bem cuidadas. Estamos lutando juntas”, conclui.
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