Instalações sanitárias que atendem migrantes venezuelanos são reabertas por 10 dias em RR


Espaços tinham sido fechados no dia 27 de janeiro após o presidente americano Donald Trump cortar verbas de ajuda humanitária fora dos EUA. Migrantes venezuelanos voltam a usar serviços de banheiro, duchas, fraldários e lavanderia em Boa Vista
Yara Ramalho/g1 RR
As instalações sanitárias que atendiam migrantes e refugiados em situação de rua foram reabertas em Boa Vista e em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, nesta quarta-feira (5). Os espaços, administrados pela Cáritas Brasileira, abriram por volta de 8h e vão funcionar em horário reduzido por 10 dias. Ao menos mil migrantes são atendidos por dia no local.
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Os espaços tinham sido fechados no último dia 27 após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspender o repasse de fundos americanos destinados à ajuda humanitária em outros países.
As instalações ofertam serviços gratuitos de higiene pessoal, como uso de banheiro, duchas, fraldários, lavanderia e bebedouro com água potável. Os migrantes acessam os locais diversas vezes ao dia. Antes, o horário de funcionamento era de 8h às 17h, mas agora será apenas de 8h às 12h.
“Esta reabertura em horário reduzido é provisória, embora fruto do compromisso em garantir condições mínimas de dignidade às pessoas migrantes”, informou a Cáritas. As instalações vão funcionar até o dia 14 de fevereiro com recursos próprios levantados pela organização. Antes, tudo era bancado pelo governo americano, por meio do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM).
Nome do financiador do projeto Orinoco, que ficava exposto no material de divulgação, foi coberto pela Cáritas.
Yara Ramalho/g1 RR
Com a reabertura, o nome do financiador do governo americano que ficava exposto no material de divulgação foi coberto pela Cáritas. Todas as instalações sanitárias fazem parte do projeto Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras. Só em 2024, mais de 50 mil migrantes foram atendidos pelo projeto nas duas cidades roraimenses.
‘Me alegro pela água fria’
Migrante Gardênia Rincón, de 70 anos, celebra reabertura de instalação da Cáritas em Boa Vista
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Uma dos migrantes que aguardava atendimento na manhã desta quarta era a idosa Gardênia Rincón, de 70 anos. Uma das primeiras coisas que buscou nas instalações foi a “água fria” para beber.
Ela está no Brasil há quatro meses e vive no Posto de Recepção e Apoio (PRA), espaço de responsabilidade da Operação Acolhida próximo à instalação sanitária da Cáritas. Desde que chegou no país Gardênia usava os serviços gratuitos. Ela conta que tudo fez muita falta, mas agora está feliz pelo retorno do que considera essencial para todo ser humano.
“Me alegro por todas essas pessoas que estão utilizando [os serviços]. Primeiro pela água fria, pois tem dias que não temos nada […] Me sinto contente, alegre, feliz e agradecendo a Deus por estar funcionando esse estabelecimento”, disse Gardênia.
Uriel Contreras, de 73 anos, aguarda atendimento nas instalações da Cáritas em Boa Vista.
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O migrante Uriel Contreras, de 73 anos, também buscava diariamente os serviços ofertados na instalação sanitária. Na esperança de que algo tivesse mudado, ele foi ao local nesta quarta-feira e encontrou os portões abertos.
“Eu venho para cá todos os dias almoçar, tomar banho, usar o banheiro, tudo isso. Aqui não estava funcionando [na semana passada], mas é muito importante isso funcionar, [importante] para todos. Nós temos alimentação, banheiro, saúde”, explicou ele, que vive em Roraima desde junho de 2024.
Cáritas reabre hoje instalações em Roraima de forma provisória
Agência da ONU volta a atender
Na segunda-feira (3), a Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), também voltou a atender migrantes em Boa Vista depois de uma semana sem oferecer os serviços.
A organização também havia deixado de atuar na capital após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cortar fundos para ajuda humanitária.
Migrantes venezuelanos são atendidos no Posto de Recepção e Apoio (PRA), em Boa Vista, nesta quarta-feira (5).
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O retorno dos trabalhos da OIM ocorrem no Posto de Triagem (PTrig) e no Posto de Recepção e Apoio (PRA). Na manhã desta quarta-feira, vários migrantes aguardavam para serem atendidos no PRA, que estava funcionando.
Entre os serviços realizados para os migrantes venezuelanos em Roraima, a OIM atua com orientação e escuta especializada para pessoas em situação de vulnerabilidade e o encaminhamento para serviços essenciais, como saúde, assistência social e apoio a direitos trabalhistas, com foco em exploração laboral e violência de gênero. Além disso, é realizado apoio na emissão de documentação.
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