DAE apura denúncia de retirada de água do Rio Batalha por empresa de celulose em meio à crise hídrica em Bauru


Denúncia foi feita por moradores da região e Departamento de Água e Esgoto flagrou caminhões da Bracell no local fazendo a retirada de água. Caso foi encaminhado para o Departamento de Águas e Energia Elétrica do estado. Empresa alega que cumpre rigorosamente a legislação e que suspendeu a captação. DAE apura denúncia de retirada de água do Rio Batalha por empresa de celulose em Bauru
Em meio ao rodízio no abastecimento de água para mais 100 mil moradores atendidos pela lagoa de captação do Rio Batalha em Bauru (SP), o Departamento de Água e Esgoto apura uma denúncia de retirada de água do manancial por uma empresa de celulose da região.
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Funcionários do DAE flagraram, na tarde desta quinta-feira (8), caminhões da empresa fazendo a retirada da água em um trecho a cerca de 9 km da lagoa de captação e registraram a situação em vídeo. (Veja no vídeo acima).
Os funcionários chegaram ao local depois de receberem uma denúncia sobre a retirada. A equipe constatou no local até mesmo um “trânsito” de caminhões. Pelo menos três deles fazendo a retirada. Os caminhões transportam de 15 a 20 mil litros de água.
Funcionários do DAE flagraram o caminhão da empresa à margens do Rio Batalha em Bauru
DAE Bauru / Divulgação
De acordo com o DAE, após o flagrante, a autarquia comunicou a Defesa Civil, a Polícia Militar Ambiental e o Departamento de Águas e Energia Elétrica do estado de São Paulo (DAEE), órgão vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, sobre o caso.
O DAEE é o órgão responsável por autorizar a captação de água em mananciais e o DAE quer saber se a empresa, a Bracell, tem outorga para fazer isso no Rio Batalha. Procurado pela TV TEM, o DAEE informou que enviou uma equipe para fiscalizar o local e caso sejam constatadas irregularidades, medidas cabíveis serão adotadas.
O DAE informou que caso a empresa tenha essa autorização, o que ainda não foi confirmado pelo DAEE, pedirá a suspensão da autorização, diante do rodízio de abastecimento de água que a cidade enfrenta há exatos três meses.
Em nota, a “Bracell reafirma que cumpri rigorosamente a legislação e regulamentação ambiental e de captação de recursos hídricos. A empresa ressalta ainda que, pro-ativamente, suspendeu as captações próximas ao Rio Batalha com o objetivo de contribuir com a questão hídrica atual”, afirma.
Empresa afirma que cumpre a legislação e que suspendeu a captação no Rio Batalha em Bauru
DAE Bauru / Divulgação
Rodízio de água
Desde o dia 9 de maio, cerca de 135.561 pessoas recebem água em casa no regime de 24h/48h. A interferência no abastecimento foi necessária por conta do baixo nível da lagoa de captação do Rio Batalha. A estiagem tem impedido que o nível fique acima dos 3,20, considerado ideal/ atualmente, o nível da lagoa está em 2,08.
Para tentar reverter a situação, desde o início do rodízio, a autarquia realiza manobras para diminuir a dependência do Batalha, entre elas, estão as interligações, já foram interligados, por exemplo, os poços do Distrito 3 e do Chácaras Cardoso.
Com elas, o DAE tem reforçado o abastecimento nos Altos da Cidade, região Central e em parte do Bela Vista. As interligações têm possibilitado também um reforço na água que vai para a Estação de Tratamento de Água.
Limpeza do Rio
Processo de limpeza do Rio Batalha deve durar seis meses
Carlos Torrente/TV TEM
Outra estratégia é a limpeza do Rio Batalha. O DAE já realizou cerca de 90% da limpeza das macrófitas que estavam na lagoa de captação. Por enquanto, o trabalho realizado pela empresa está suspenso, por conta do baixo nível. É preciso que a lagoa atinja 3,20 novamente para finalizar a retirada das plantas feita pela empresa, que venceu a licitação.
O DAE informou também que deve começar na próxima semana a batimetria do rio. O estudo, que faz um Raio-X do fundo da represa, serve para entender o quanto de terra presente no rio pode ser retirada. Essa etapa é um primeiro trabalho para um futuro desassoreamento.
A empresa que ficou em segundo lugar na licitação será a responsável por fazer o estudo, já que a primeira desistiu. Os funcionários vão fazer uma visita técnica no local na semana que vem e os trabalhos devem durar 15 dias.
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