Capacidade adaptativa de fungos é desafio para produtor do Vale do São Francisco


Condições climáticas da região são favoráveis ao surgimento de novas espécies Condições climáticas do Vale do São Francisco favoreceram o surgimento da glomerella, que ataca a produção de uva.
Acervo/Agrios
As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios para a agricultura e a segurança alimentar global e o Vale do São Francisco não está protegido deste contexto. O aumento das temperaturas, aliado à intensificação de eventos climáticos e à maior disponibilidade de umidade em regiões tropicais, tem criado condições ideais para a proliferação de patógenos. Esse quadro exige atenção do produtor.
Segundo a doutora em fitopatologia e especialista em fruticultura Meridiana Araújo, o surgimento de glomerella em regiões tropicais é um exemplo alarmante. Essa doença, causada por fungos do gênero Colletotrichum, tem encontrado um ambiente propício para sua expansão devido às condições climáticas mais quentes e úmidas, como o Vale do São Francisco.
Adaptação e evolução
Os microrganismos, incluindo fungos patogênicos, possuem uma extraordinária capacidade de adaptação a novos contextos ambientais. Sob pressão de fatores como mudanças na temperatura, umidade ou práticas agrícolas, muitos desses organismos evoluem rapidamente, alterando seus ciclos de vida, mecanismos de sobrevivência e resistência a tratamentos.
Meridiana explica que a diferença entre as fases sexuadas e assexuadas dos fungos desempenha um papel crítico nesse processo. Enquanto a fase sexuada permite uma maior variação genética e potencial para evoluir rapidamente, a fase assexuada favorece a propagação rápida do fungo em condições favoráveis, aumentando a severidade e dificultando o controle da doença.
Impactos na Agricultura
Neste contexto, doenças causadas por fungos estão se tornando mais frequentes e severas. Um exemplo é o Fusarium na cultura da mangueira, que provoca o embonecamento das panículas, podendo causar a perda total da produção, antes mesmo da frutificação. Outro caso é a já citada Glomerella na videira, que causa podridão da uva madura, inviabilizando sua comercialização. Em ambos os casos, as condições climáticas quentes e úmidas intensificam a gravidade das infecções.
Outro fator importante a ser considerado é o monocultivo, que agrava a proliferação de fungos patogênicos. Isso acontece porque a uniformidade genética das plantas cultivadas facilita a disseminação de patógenos e limita as possibilidades naturais de resistência. Isso gera a necessidade de desenvolver fungicidas mais eficazes e sustentáveis, capazes de lidar com as variações genéticas dos patógenos e as condições ambientais dinâmicas.
Glomerella na videira, que causa podridão da uva madura, inviabilizando sua comercialização
Acervo/Agrios
Monitoramento fitopatológico
O monitoramento fitopatológico, que identifica a presença de esporos de fungos no ambiente antes que os sintomas se manifestem, é uma estratégia fundamental neste contexto. Com ele, o produtor pode planejar as aplicações de maneira mais precisa e ágil, direcionando as aplicações para as áreas de maior risco, o que evita desperdícios e reduz a quantidade de produtos químicos utilizados. Essa otimização ajuda a preservar a saúde das lavouras e reduz o impacto ambiental e os custos de produção.
É também com esses dados nas mãos do produtor que a equipe de Assistência Técnica da Seiva do Vale entra em campo para indicar os produtos mais adequados para resolver os problemas identificados. Com informações precisas fornecidas pelo monitoramento fitopatológico, é possível orientar o produtor para o uso da tecnologia mais eficiente, em dosagem e manejo realmente adequados.
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