Sobe para 11 o número de indiciamentos de cirurgião plástico por causar lesões em pacientes em Porto Alegre


Em dezembro, Leandro Fuchs havia sido responsabilizado em cinco inquéritos, e neste mês, incluiu seis novos indiciamentos em janeiro. Ele responde ainda outros 76 inquéritos por lesões corporais graves, além de 20 processos judiciais. Cirurgião plástico Leandro Fuchs, em foto no seu perfil no Instagram
Redes sociais/Reprodução
A Polícia Civil concluiu mais seis inquéritos sobre lesões causados pelo cirurgião plástico Leandro Fuchs em pacientes em Porto Alegre durante procedimentos estéticos, indiciando-o por lesões corporais graves, entre outros crimes (saiba mais abaixo).
O total de indiciamentos chega a 11. Ele atuava no Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, de onde está afastado desde janeiro de 2024.
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O g1 tenta contato com a defesa do médico. A reportagem também entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers), que representa a categoria, e aguarda posicionamento.
Além das lesões corporais graves, Fuchs também foi indiciado por estelionato, crime contra o consumidor, concussão e associação criminosa, segundo a Polícia Civil. Ainda há outros 76 inquéritos policiais abertos investigando o envolvimento do médico em lesões sofridas por pacientes em cirurgias e mais de 20 processos judiciais. A Justiça suspendeu o direito do profissional realizar cirurgias.
O Hospital Ernesto Dornelles, onde as cirurgias teriam sido realizadas e que, em uma investigação aberta em janeiro de 2024, concluiu que “não encontrou irregularidades” nas operações, afirmou que “já tomou as medidas internas cabíveis ao caso divulgado na imprensa” e que “aguarda as decisões judiciais”.
O que a investigação concluiu
De acordo com o delegado Ajaribe Rocha Pinto, titular da 10ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre (10ª DP), Fuchs colocava residentes, bem como médicos recém-formados sem a devida qualificação, para realizar as cirurgias e se ausentava das salas onde eram realizados os procedimentos para lidar com questões pessoais. Isso seria feito sem o conhecimento dos pacientes, que acreditavam que Fuchs seria o médico a fazer os procedimentos.
“De 727 cirurgias, 481 incorreram em novas intervenções cirúrgicas. Procedimentos que precisaram ser refeitos. Laudos descrevem lesões decorrentes dos procedimentos. São fatos extremamente graves”, conta o delegado.
Oito mulheres ouvidas pelo g1 contaram terem feito procedimentos com o profissional entre 2020 e 2023: são histórias de procedimentos sendo realizados por médicos residentes, falta de atenção e acolhimento durante a recuperação depois da cirurgia, sangramentos, infecções, mutilações e deformações (leia os relatos).
Conforme a Polícia Civil, Fuchs também teria cobrado “por fora” valores de pacientes encaminhados via plano de saúde para realizar outros procedimentos.
Em fevereiro de 2024, a Justiça suspendeu o direito de Fuchs exercer a medicina. Ele também foi proibido de sair de Porto Alegre e teve o passaporte apreendido, além de ter sido determinado que ele não pudesse contatar ou se aproximar de vítimas. Em abril do mesmo ano, ele obteve na Justiça o direito de voltar a clinicar, mas não o de realizar cirurgias.
Assista abaixo a uma reportagem com denúncias das vítimas
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Reprodução/RBS TV
Histórico
De acordo com o delegado Ajaribe Rocha Pinto, o caso mais antigo teria acontecido em 2019. O mais recente, 2023.
“Havia suspeita de lesões corporais graves, negligência e imperícia. Oitenta e sete inquéritos foram instaurados”, diz.
O médico nega as acusações. Segundo o IGP, “várias mulheres” já foram ao Instituto Médico Legal (IML) “para realização de exame de corpo de delito”.
“A função do perito, nestes casos, é de registrar os achados do exame clínico e analisar eventuais documentos médicos apresentados. Resultados estéticos ruins dependem de muitos fatores difíceis de avaliar, cabendo a manifestação do Conselho de Medicina (quanto à parte técnica) e da avaliação do Judiciário (que pode entender como passível de gerar indenização)”, explicou o IGP.
Leandro Fuchs, cirurgião plástico em Porto Alegre, em foto em seu perfil nas redes sociais
Redes sociais/Reprodução
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