Frigorífico que vendeu carne estragada em enchente no RS para virar ração denunciou empresa ao notar que comprou carne de volta

Segundo a Delegacia do Consumidor (Decon-RJ), a Tem Di Tudo Salvados, de Três Rios, arrematou 800 toneladas de proteína animal deteriorada de um frigorífico de Porto Alegre alegando que faria ração animal.
Mas a carga foi vendida para açougues e mercados de todo o país. Frigorífico que vendeu carne estragada em enchente no RS para virar ração denunciou empresa ao notar que comprou carne de volta
O frigorífico que vendeu 800 toneladas de carne estragada, que tinha ficado submersa durante a enchente histórica do Rio Grande do Sul, para uma empresa do Rio de Janeiro transformar o material podre em ração para animais foi quem percebeu o esquema criminoso de venda de alimento impróprio.
As investigações começaram depois que a empresa procurou a polícia para dizer que notou ter comprado a carne estragada de volta como se estivesse boa e própria para consumo humano.
Quatro pessoas ligadas à empresa Tem di Tudo Salvados, incluindo o dono, foram presas em flagrante nesta quarta-feira (22) em Três Rios.
Agora, a polícia tenta localizar as outras empresas que compraram a carne sem saber que era um produto impróprio. No mercadinho do frigorífico investigado, a polícia encontrou ainda centenas de caixas de medicamentos e teste de Covid vencidos, além de cigarros e até produtos de beleza na mesma situação.
Todo o material foi inutilizado com cloro e entregue à companhia de limpeza.
A Tem Di Tudo é autorizada a fazer o reaproveitamento de produtos vencidos e alegou aos produtores gaúchos que a mercadoria seria transformada em ração animal.
Mas a Decon apurou que pacotes de carnes bovina, suína e de aves estragadas foram postas à venda para açougues e mercados de todo o país. “Temos informações de que a carne foi maquiada para esconder a deterioração provocada pela lama e pela água que ficaram acumuladas lá no frigorífico da capital gaúcha”, explicou o delegado Wellington Vieira.
“Até onde a gente sabe pelas investigações, a carne foi transportada para diversos outros compradores que não sabiam da procedência. Foram 32 carretas que saíram do Sul para diversos destinos do Brasil”, afirmou.
“Todas as pessoas que consumiram essa carne correram risco de vida. Quando uma mercadoria fica debaixo d’água, adquire circunstâncias e condições que trazem risco iminente à saúde”, frisou o delegado.
Lucro de 1.000%
A polícia descobriu também que a Tem Di Tudo Salvados lucrou muito com o esquema.
“Segundo as notas fiscais, a carne boa estava avaliada em torno de R$ 5 milhões, mas a empresa comprou as 800 toneladas estragadas por R$ 80 mil”, declarou Vieira.
Os investigados podem responder ainda pelos crimes de associação criminosa, receptação, adulteração e corrupção de alimentos, com alcance em todo o país.
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