Prisão de Nego Di ‘não tem nada a ver’ com investigação sobre enchente, diz chefe de polícia do RS


Prisão foi motivada por susposto esquema de não entregar produtos vendidos por loja virtual. Influenciador teria lesado pelo menos 370 pessoas, segundo a Polícia Civil. Inquérito apura suspeitas desde 2022. Nego Di é preso pela polícia em Santa Catarina
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul negou que a prisão do influenciador Nego Di tenha relação com um inquérito que apura irregularidades durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio. Essa hipótese ganhou força nas redes sociais após a prisão de Dilson Alves da Silva Neto. No período, a Justiça determinou que o humorista apagasse das redes sociais publicações com fake news sobre a tragédia.
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O chefe de polícia do RS, delegado Fernando Sodré, afirmou que o humorista foi preso por suspeita de estelionato, ao aplicar um golpe que teria causado prejuízo de R$ 5 milhões a clientes. O inquérito foi aberto em 2022 e foi remetido para a Justiça em 2023, ou seja, antes das enchentes, explicou Sodré em entrevista à Rádio Gaúcha, do Grupo RBS, nesta segunda-feira (15).
“Nem tinha uma enchente ainda, não tínhamos nada. Até existem investigações do período da enchente que estão sendo apuradas no Departamento Estadual de Investigações Criminais, mas que até agora não tem nada a ver com esse fato”, disse.
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Reprodução/Globo
Antes da prisão, Nego Di se manifestou na sua conta de X, o antigo Twitter. “Estávamos preparados para o que aconteceu ontem [sexta]. Nós sabíamos que iria acontecer mais cedo ou mais tarde, e todo mundo sabe o porquê do que aconteceu ontem”, escreveu.
De acordo com Sodré, a prisão também não tem relação com a operação do Ministério Público do RS realizada na sexta-feira (12). Na investigação do MP, o humorista é suspeito de lavagem de R$ 2 milhões obtidos em rifas virtuais.
“O nosso inquérito foi remetido para a Justiça em 2023, nem tinha enchente, não tinha crítica ao governo, não tinha nada disso”, reafirmou o chefe de polícia.
Nego Di foi preso preventivamente no domingo (14) em Florianópolis, capital de Santa Catarina. Ainda no domingo, o influenciador foi transferido para Porto Alegre e depois para a Penitenciária de Canoas, na Região Metropolitana.
A defesa de Nego Di afirma que está tomando as medidas legais cabíveis (leia a nota completa abaixo). “Destacamos a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário”, disseram os advogados Hernani Fortini, Jefferson Billo da Silva, Flora Volcato e Clementina Ana Dalapicula.
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O que a polícia investiga
Nego Di é sócio de uma loja suspeita de vender produtos, mas não entregá-los. O influenciador teria lesado pelo menos 370 pessoas com a venda de produtos por meio de uma loja virtual da qual é proprietário, segundo a Polícia Civil.
A apuração indica que a movimentação financeira em contas bancárias ligadas a ele na época, em 2022, passa de R$ 5 milhões.
O sócio de Nego Di na empresa, Anderson Boneti, também teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, no ano passado. O investigado foi preso na Paraíba em 25 de fevereiro de 2023, mas acabou solto dias depois.
A loja virtual “Tadizuera” operou entre 18 de março e 26 de julho de 2022 – ocasião em que a Justiça determinou que ela fosse retirada do ar. Nego Di fazia a divulgação em seus perfis nas redes sociais dos produtos à venda, como aparelhos de ar condicionado e televisores, muitos deles com preços abaixo do de mercado – uma televisão de 65 polegadas, por exemplo, era vendida a R$ 2,1 mil.
Parte dos seguidores do influenciador comprou os produtos, mas nunca recebeu, de acordo com a Polícia Civil. A investigação aponta que não havia estoque, e que Nego Di enganou os clientes prometendo que as entregas seriam feitas, apesar de saber que não seriam. Ainda assim, movimentou dinheiro que entrava nas contas bancárias da empresa.
A Polícia Civil afirma que tentou por diversas vezes intimar Nego Di para prestar esclarecimentos, mas ele nunca foi encontrado.
As autoridades policiais estimam que o prejuízo dos 370 clientes lesados seja superior a R$ 330 mil, mas como as movimentações bancárias são milionárias, a suspeita é de que o número de vítimas do esquema seja maior e inclua pessoas que não procuraram a polícia para representar criminalmente contra o influencer.
Nego Di é preso por golpe que causou prejuízo de R$ 5 milhões a clientes
Nota da defesa de Nego Di:
“Em relação aos recentes acontecimentos envolvendo o humorista Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, gostaríamos de esclarecer que estamos tomando todas as medidas legais cabíveis.
Destacamos a importância do princípio constitucional da presunção de inocência, que assegura a todo cidadão o direito de ser considerado inocente até prova em contrário. O devido processo legal deve ser rigorosamente observado, garantindo que o acusado tenha uma defesa plena e justa, sem qualquer tipo de pré-julgamento.
Pedimos à mídia e ao público que tenham cautela na divulgação de informações sobre o caso, uma vez que a ampla exposição de fatos ainda não comprovados pode causar danos irreparáveis à imagem e à carreira de Nego Di.
Qualquer divulgação precipitada pode resultar em uma condenação prévia injusta, prejudicando sua honra e dignidade.”
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