Com protestos violentos na Venezuela, migrantes que vivem no Paraná relatam angústia com as eleições: ‘Não conseguimos dormir’


Paraná é um dos estados brasileiros que mais recebeu migrantes venezuelanos entre abril de 2018 e janeiro de 2024. Como funciona a eleição na Venezuela
Migrantes venezuelanos que moram no Paraná, um dos estados que mais acolheu aqueles que decidiram deixar o país, estão acompanhando o impasse na eleição presidencial na Venezuela, realizada no domingo (28). Os relatos são de angústia e de preocupação, especialmente, com os familiares que ainda moram na Venezuela.
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“Nós que estamos fora [do país] não conseguimos dormir, nem fazer nada. Os níveis de impotência são gigantes”, afirma Rockmillys Basante Palomo, que está no Brasil desde 2018 e atualmente mora em Curitiba.
Ela conta ainda que está preocupada com a integridade física dos familiares que moram na Venezuela.
Segundo ONGs que atuam no país e a Procuradoria-geral venezuelana, 12 pessoas morreram nos protestos contra o anúncio da vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais.
Policiais removem barricada de protesto na Venezuela
REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria
No dia da votação para a presidência da Venezuela, diversas cidades paranaenses registraram manifestações de migrantes.
Em Curitiba, um grupo de cerca de 1.500 pessoas se reuniu para uma caminhada. Já em Foz do Iguaçu, no este do Paraná, o protesto contou com um grupo de 50 pessoas.
Gisela Lisbeth é da Venezuela e se mudou para o Brasil em 2008. Moradora de Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, ela acompanha as notícias do país natal e ouve os relatos da mãe, que continua vivendo lá.
“O que minha mãe me conta é dos atos violentos nas ruas, ainda que ontem as coisas estavam mais calmas. Uma das coisas que o povo quer é paz e o fim do bloqueio econômico”, afirma.
Rockmillys reforça o pedido por paz.
“Não se trata de direita ou esquerda. Se trata de um povo pedindo paz”, apoia.
Rockmillys reforça o pedido por paz
Arquivo pessoal
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Curitiba é a cidade brasileira que mais acolheu migrantes da Venezuela
O Paraná é um dos estados brasileiros que mais recebeu migrantes venezuelanos entre abril de 2018 e janeiro de 2024, segundo dados do Subcomitê Federal para Acolhimento e Interiorização de Imigrantes em Situação de Vulnerabilidade.
Desde 2018, com o agravamento da crise humanitária na Venezuela, o Brasil acolheu mais de 125 mil venezuelanos, segundo o subcomitê. Desses, 7.816 foram acolhidos em Curitiba, transformando a capital paranaense na cidade brasileira que mais recebeu cidadãos que vieram do país vizinho.
A expectativa é de que existam ainda mais migrantes. Segundo especialistas que atuam na área, é possível que os dados estejam subnotificados, uma vez que são considerados apenas pedidos oficiais.
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Migrante ou refugiado?
Refugiados relatam como é viver no Brasil
A Convenção de Genebra determina que refugiados são pessoas que são forçadas à migração por conta de ameaça, perseguição ou conflitos armados. De acordo com o órgão, a situação é tão perigosa e intolerável que a única alternativa é cruzar fronteiras internacionais para buscar segurança em outros países.
Por sua vez, o órgão define que migrantes são pessoas escolhem se deslocar principalmente para melhorar sua vida em busca de trabalho ou educação, por reunião familiar ou por outras razões.
Diferentemente dos refugiados, que não podem voltar ao país de origem, os migrantes supostamente continuam recebendo a proteção do país natal.
Segundo a ONU, a distinção entre os dois grupos é fundamental para os governos, porque os países tratam migrantes de acordo com a própria legislação e procedimentos.
Enquanto isso, refugiados são tratados a partir de normas sobre refúgio e a proteção dos refugiados – definidas tanto em leis nacionais como no direito internacional.
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