Troca de tiros entre presidente de Câmara e vizinho que morreu baleado no Paraná teve pelo menos 15 disparos, diz delegado


Segundo investigação preliminar, homem que morreu atirou contra a família do vereador por estar incomodado com barulho de crianças. Neto Fadel (PSD) foi ouvido e liberado sem ser autuado. Vereador Neto Fadel (PSD) e empresário Guilherme de Quadros Becher
TSE/Cedida pela família
Pelo menos 15 tiros foram disparados na noite em que o empresário Guilherme de Quadros Becher morreu após ser baleado pelo vereador Miguel Zahdi Neto (PSD), que é mais conhecido como Neto Fadel e atua como presidente da Câmara Municipal de Castro, nos Campos Gerais do Paraná.
A informação é do Luiz Gustavo Timossi. Segundo ele, indícios como munições encontradas no local apontam que Fadel atirou no mínimo 10 vezes e Becher deu pelo menos 5 disparos.
O delegado também afirma que aguarda os resultados da perícia das armas para confirmar os números e o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) para atestar quantos tiros atingiram Becher – para, então, definir se o inquérito continua considerando que Fadel agiu em legítima defesa, ou não.
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O caso aconteceu na noite de quarta-feira (20), após um desentendimento entre o vereador e o empresário, que eram vizinhos em um condomínio de chácaras de Ponta Grossa – cidade que fica a cerca de 48 km de Castro.
O estopim, segundo a Polícia Civil, foram barulhos feitos por crianças da família do vereador. Após uma discussão, Becher atirou diversas vezes em direção à chácara de Fadel, que atirou de volta na direção do imóvel vizinho e atingiu o empresário, diz a corporação. Saiba mais abaixo.
O delegado afirma que, logo após o ocorrido, Fadel foi ouvido e liberado sem ser autuado porque, preliminarmente, “há indícios de que ele tenha atuado em legítima defesa”.
Agora, o delegado pretende ouvir familiares de Becher, que segundo ele não quiseram comparecer na delegacia após a ocorrência.
Saiba quais são os 5 requisitos de legítima defesa previstos em lei
Ao g1, a defesa da família da vítima disse que os familiares estão abalados e que “a verdade será revelada”.
“A família lamenta profundamente que a autoridade policial não tenha mantido a prisão em flagrante ao menos até colher declarações e depoimentos sobre o outro lado da história, aguardando o laudo de necropsia – que ainda não saiu – deixando que a autoridade judicial, ouvido o Ministério Público, decidisse sobre a soltura”, afirma o advogado Jairo Baluta.
Já a defesa do vereador afirma que ele agiu em legítima defesa e ressalta que ele prestou socorro à vítima e permaneceu no local, à disposição das autoridades.
“Importante mencionar que a arma utilizada para defesa estava devidamente registrada e com porte. Após o depoimento, diante da evidente ação em legítima defesa, Miguel foi liberado. Miguel colaborou com toda a investigação e segue à disposição para todos os esclarecimentos que se tornem necessários. Por fim, Miguel lamenta a morte de Guilherme. No entanto, infelizmente, precisou agir em legítima defesa para salvar sua vida, de seus familiares, amigos e crianças”, afirma o advogado Ewerton Machado Rosa.
O g1 entrou em contato com a com a Câmara Municipal de Castro e com o Partido Social Democrático (PSD) e aguarda respostas.
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O que a polícia já sabe sobre o caso
Caso aconteceu em condomínio de chácaras de Ponta Grossa
Paulo Roberto Martins/RPC
As primeiras informações da Polícia Civil dão conta que o desentendimento entre Fadel e Becher começou após a vítima ir até o portão do vereador para reclamar do barulho das crianças, que estavam brincando nas ruas do condomínio com um quadriciclo. Naquele momento, segundo o relato inicial de Fadel, ele e a família estavam em uma confraternização.
Logo após a discussão, de acordo com Boletim de Ocorrência (B.O.), Becher sacou duas armas da cintura e fez diversos disparos em direção aos moradores do imóvel.
Ainda conforme o documento, Becher chegou a apontar uma arma para a cabeça de um dos homens que estavam na casa, que conseguiu sair da mira do empresário.
Durante a confusão, Fadel, que tem porte de arma de fogo, fez disparos de volta, que atingiram Becher. A vítima foi socorrida com vida pelos familiares do vereador, mas morreu no hospital horas depois, de acordo com a polícia.
Armas foram apreendidas
De acordo com o boletim do caso, próximo à casa onde o tiroteio aconteceu foram encontrados, em um matagal, um revólver calibre .38 e uma pistola sem carregador. Os equipamentos foram apreendidos.
Ainda conforme o documento, também foram localizados 10 estojos vazios de munição calibre .38.
Segundo a polícia, Fadel tem porte de arma de fogo e usou uma arma registrada e Becher tinha registro de CAC – sigla para “Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador” – autorização para que uma pessoa física possa colecionar armas de fogo, praticar tiro desportivo, e praticar caça.
Quem é o vereador
Miguel Zahdi Neto tem 35 anos e é natural de Castro. Ele é casado, pai de dois filhos e graduado em Administração.
Conhecido como “Neto Fadel”, ele é empresário e está no segundo mandato como vereador da cidade e também como presidente da Câmara Municipal.
Nas eleições municipais de 2024, disputou o cargo de prefeito de Castro e recebeu 17.900 votos, 45,54% dos válidos, perdendo para o único outro candidato na disputa – Dr. Reinaldo (MDB), que recebeu 21.409 votos (54,46% dos válidos).
Resultado das eleições de 2024 em Castro (PR)
g1

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