Itaipu, 50 anos: mitos superados


Tempo se encarregou de desmentir teorias incorretas sobre a usina. Desde que os projetos de Itaipu foram divulgados, ao longo de sua construção e depois da formação do seu reservatório, a hidrelétrica binacional foi dissecada por especialistas de todos os níveis. Vários deles chegaram a levantar teorias, algumas catastróficas e distorcidas, que os fatos e o tempo depois desmentiram. Em termos atuais, seriam “fake news” – aquelas notícias falsas ou manipuladas que ganham tanto espaço nas redes sociais.
Um dos mitos desmentidos foi o de que o reservatório de Itaipu poderia provocar uma infestação de caramujos da espécie que abriga parasitas causadores de esquistossomose. Resposta simples: as águas do Rio Paraná nunca apresentaram essa espécie de caramujo. Outro foi que a cota de Itaipu prejudicaria a usina de Corpus, que a Argentina iria construir em sociedade com o Paraguai. Nem seria preciso argumentar muito, já que até hoje a usina não passa de uma ideia.
Também houve sucessivas reportagens com alertas de especialistas sobre os riscos de se construir uma barragem tão gigantesca, com um reservatório de 1.350 quilômetros quadrados (sétimo em tamanho no Brasil, mas com o melhor índice de aproveitamento da água para produzir energia entre os grandes reservatórios brasileiros).
Um desses alertas, divulgado nos anos 1970, é que o gigantesco reservatório provocaria terremotos. Nunca houve um tremor de terra por aqui, por mais insignificante que fosse. A rede sismográfica de Itaipu, que opera desde 1982, não registrou nenhum sismo induzido pela usina, o que se confirma em análises da Universidade de Brasília, à qual a rede da usina está interligada. E o sistema é tão sensível que registrou terremotos na costa chilena do Pacífico, mas nada por aqui.
A explicação é simples, e isso qualquer geólogo sabe: a sismicidade (possibilidade de um terremoto) quando se forma um reservatório só ocorre em áreas com tensões pré-existentes no subsolo, isto é, em regiões já favoráveis a este fenômeno. Mas nem por isso os construtores de Itaipu relaxaram. As estruturas da usina foram projetadas para suportar tremores da ordem dos maiores registrados no Brasil.
Mudanças climáticas
Outro mito divulgado na época é que o reservatório iria provocar mudanças climáticas. Os técnicos de Itaipu analisam o clima regional em profundidade desde 1998, constatando que o reservatório não alterou a umidade relativa do ar, tampouco provocou mudanças nas temperaturas médias e máximas da região. O clima mundial, conforme as análises de cientistas, está mudando – e para pior. Mas Itaipu não contribui para isso. Ao contrário.
Um dos consensos da Conferência de Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo (2002), e do 3º Fórum Mundial da Água, em Kyoto (2003), foi de que a geração hidrelétrica “pode ajudar a retardar o aquecimento global”, ao evitar a queima de petróleo. Além disso, como frequentemente substituem a geração de eletricidade a partir de combustíveis fosseis, as hidrelétricas reduzem a chuva ácida e a fumaça, contribuindo para melhorar o ar que respiramos.
Peixes
Peixes no Canal da Piracema de Itaipu. Por Rubens Fraulini/Itaipu Binacional
Divulgação
Em outras reportagens, experts advertiam que barragens provocam sério risco de extinção da fauna aquática. No entanto, depois da formação do reservatório de Itaipu, houve aumento do número de pescadores profissionais (438%), da quantidade pescada (1.250%) e da produção por pescador (250%).
E mais: 65% do pescado no lago são de espécies migradoras, demonstrando a eficiência, eficácia e efetividade do Canal da Piracema, construída por Itaipu para fazer a ligação entre o Rio Paraná, abaixo da usina, ao reservatório.
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