Comunidade quilombola Caiana dos Crioulos celebra título definitivo de terras: ‘Concretização de um direito’


Caiana dos Crioulos é a primeira comunidade quilombola da Paraíba a receber o título definitivo de suas terras. Território da comunidade quilombola Caiana dos Crioulos
Governo da Paraíba/Divulgação
A comunidade quilombola Caiana dos Crioulos, localizada entre as cidades de Alagoa Grande e Matinhas, no Agreste da Paraíba, foi a primeira comunidade paraibana a receber o Título de Domínio (TD) do seu território. O reconhecimento, do governo federal, aconteceu em setembro. A conquista é um marco histórico e motivo de comemoração. E pode abrir portas para novas políticas e investimentos, reduzindo assim o êxodo no local.
“Foi difícil. Mais de 30 anos que a gente esperava. Foi muito tempo, mas hoje a gente tem o título da terra nas nossas mãos”, afirmou Cida de Caiana, presidente da Associação de Moradores de Caiana.
Na comunidade Caiana dos Crioulos vivem 145 famílias, com aproximadamente 500 pessoas. O título de domínio definitivo das terras não pode ser vendido ou penhorado. Além disso, garante o acesso da população a políticas públicas como educação, saúde e financiamentos por meio de créditos específicos.
Francimar Fernandes, presidente da Associação de Apoio às Comunidades Quilombolas da Paraíba, comemora a conquista e fala sobre as expectativas quanto a melhorias dentro da comunidade após o reconhecimento do território.
“A gente está comemorando essa titulação na perspectiva de que as outras comunidades que estão aguardando os seus processos consigam também, o que na realidade é a concretização de um direito, um direito negado, historicamente, ao povo negro, ao povo quilombola. Então, a titulação, ela fecha um ciclo”, afirma Francimar, emocionada.
Comunidade quilombola de Alagoa Grande celebra conquista do título definitivo das terras
A presidente da Associação de Apoio às Comunidades Quilombolas da Paraíba também fala sobre as dificuldades causadas dentro da comunidade Caiana dos Crioulos por conta do êxodo rural, e de como a titulação definitiva das terras promove melhores oportunidades para o futuro.
” O êxodo é muito grande, as pessoas saem, não têm perspectiva. […] Os jovens deixam o estudo muito cedo porque tem que procurar trabalho fora, vão para a construção civil, as mulheres vão para o trabalho doméstico e isso acarreta inúmeras consequências negativas para o território. Tendo a titulação, se abrem muitas portas de políticas de investimento; investimento na agricultura familiar e na economia solidária dessas populações”, explica Francimar, com otimismo.
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