Seda do Paraná abastece mercado de luxo da França


País-sede dos Jogos Olímpicos 2024 recebe 1,7% de todos os produtos exportados pelo estado. Londrina abriga a única empresa fabricante de fios de seda em escala industrial no ocidente. Exportação do Paraná para França tem soja, madeira e fios de seda
Londrina, no norte do Paraná, abriga a única empresa fabricante de fios de seda em escala industrial no ocidente. No ano passado, foram produzidas 263 toneladas de fios de seda – metade foi vendida para a França.
“Eles se preocupam não só pela qualidade, mas também com a forma como nós tratamos os nossos fornecedores e as comunidades em que nós estamos inseridos”, diz Anna Beatriz Karya, diretora institucional da Associação Brasileira de Seda (Abraseda).
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A soja e a madeira são os produtos mais exportados pelo estado ao país europeu e têm companhia refinada entre os produtos do agro paranaense que mais despertam o interesse dos franceses. Fibras e produtos têxteis ocupam a terceira posição em faturamento, com R$ 73.266.995.
“E mesmo os outros países que consomem o fio brasileiro, como a Itália, o Vietnã e a China, também utilizam essa matéria-prima para abastecer o mercado francês.”, eplica Anna.
Exportação do Paraná para França tem soja, madeira e fios de seda.
RPC/Caminhos do Campo
Para atender um dos mercados consumidores mais exigentes do mundo, a indústria de Londrina recebe, com frequência, auditorias de organismos certificadores e também dos clientes europeus. Eles fazem visitas para averiguar questões relacionadas à qualidade do produto e, principalmente, para confirmar as práticas de sustentabilidade.
“Os clientes são de marcas de alto luxo na França, clientes totalmente exigentes e preocupados por prática sustentáveis, preocupados em saber de onde vem o nosso casulo, como nosso fornecedor se sente trabalhando conosco”, diz Gabriele Lopes Silva, gestora de compliance da indústria.
“Esse é o valor agregado da nossa seda, conseguimos entregar um produto de alta qualidade e de forma sustentável”, destaca.
Hoje, 100% dos produtores que fornecem a matéria-prima são orgânicos, com certificação internacional. As amoreiras, que alimentam o bicho-da-seda, só recebem herbicidas permitidos pela legislação do setor.
A empresa foi a primeira do Brasil a obter certificação orgânica para o têxtil – credencial desejada pelas grifes de alto luxo.
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Espaço para crescer
A indústria é abastecida com casulos de cerca de 1.500 sericicultores, dos quais 1.300 são do Paraná. são 1.300 produtores daqui. Ainda assim, falta produção. Karya, que também é funcionária da indústria, explica que é a falta de matéria-prima segura o aumento das exportações.
“Teríamos capacidade de produzir 30% a mais sem nenhum tipo de investimento. Temos trabalhado com as secretarias de agricultura para desenvolver essa atividade em municípios com baixo IDH e também pedimos como requisito área de proteção ambiental, para conseguir desenvolver essa cultura orgânica”, explica.
Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre a produção de bichos-da-seda, será realizada na terça-feira (23), em Nova Esperança, no noroeste do Paraná, o Encontro Estadual de Sericultura. O evento será no Ginásio de Esportes do município, com atividades ao longo do dia.
Além da seda
Em 2023, 580 mil toneladas de soja saíram dos campos paranaenses e viajaram mais de 8 mil quilômetros até a França.
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), as exportações para o país europeu renderam R$ 1.790.695.484 – a maior parte puxada pelo complexo soja, que correspondeu a mais de R$ 1,5 bi.
Em seguida aparecem os produtos florestais. O Paraná tem 1,17 milhão de hectares de florestas plantadas, principalmente na região central e nos Campos Gerais. Madeira que saiu dessas áreas também cruzou o Oceano Atlântico e ancorou em portos franceses.
Esse setor foi responsável por gerar R$ 74 milhões em faturamento no ano passado. O mercado francês tem grande interesse pela madeira perfilada (já torneada), madeira compensada e também para uso em marcenaria e carpintaria.
“França e União Europeia estão importando bastante produtos nossos, eles sabem que a gente tem uma cadeia de florestas plantadas robusta, uma cadeia que produz uma floreta visando manejo sustentável, ambientalmente correto”, explica Bruno Menezes de Campos, engenheiro agrônomo e diretor do Departamento de Florestas Plantadas da Seab.
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