Amigas se reúnem há mais de 35 anos no RJ: ‘Nossa amizade é igual casamento…na alegria e na tristeza’


Encontros são sempre sem os maridos e filhos. Neste Dia do Amigo, o g1 conversou com as oito mulheres de Volta Redonda sobre o valor da amizade para elas. Da esquerda para a direita: Cleonice, Valdelene, Renata, Ana Paula, Cristiana, Edislaine, Angélica e Selma
Arquivo pessoal
“Nossa amizade é igual casamento…na alegria e na tristeza”, brincou Angélica Valério de Souza, de 45 anos. Ela faz parte de um grupo de oito mulheres que são amigas há mais de 35 anos em Volta Redonda, no Sul do Rio de Janeiro.
Neste sábado (20), é comemorado o Dia do Amigo. Para comemorar a data, o g1 conversou com elas sobre o valor de uma boa e sincera amizade.
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O “Grupo das Amigas”, como é carinhosamente chamado, é formado por: Angélica; Renata Valério de Souza, de 48 anos; Cleonice Luiz, de 42; Selma Rodrigues, de 49; Cristiana Tinte, de 46; Ana Paula Magalhães, de 38; Edislaine Fernandes dos Santos, de 45; Valdelene da Silva Casali, de 50 anos.
“Quando uma precisa, a outra tá ali. Somos amigas de confissões, nas horas difíceis, nas horas boas, felizes, nas horas tristes”, comentou Cristiana.
Da esquerda para a direita: Edislane, Angélica, Valdelene, Ana Paula, Cleonice, Cristiana, Selma e Renata
Arquivo pessoal
Tudo começou em uma escola no bairro Santo Agostinho. As primeiras a se aproximarem foram a Cristiane, Edislaine e Angélica com menos de 10 anos de idade.
“A Cris e a Dis conheci há um pouco mais de uns 39 anos mais ou menos, porque foi quando a gente se conheceu na escola. Com sete anos, eu entrei, e a Dis já estava na minha classe, na minha turma. No outro ano, a Cris também estava na turma, no segundo ano”, contou Angélica.
Algumas se conheceram na igreja do bairro, foram nas festas de 15 anos e outras são até mesmo irmãs, como é o caso da Angélica e da Renata.
“Para se ter uma ideia, cantei no casamento da Angélica há 24 anos. Nós estamos aqui assim uma amizade começou em comunicação sem internet, entendeu?”, disse Cleonice.
Selma no aniversário de 15 anos da Cleonice
Arquivo pessoal
Os encontros nem sempre acontecem todo mês. Atualmente, a Edislaine mora em Taubaté (SP). As folgas dela sempre têm um espaço para um encontro com as amigas.
As saídas são combinadas em um grupo no WhatsApp, onde as datas são definidas dentro da disponibilidade de todas.
As programações são variadas, desde cafés nas casas umas das outras, chás da tarde, rodízios e até acampar em um lugar sem sinal de celular.
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Normalmente, os encontros só têm uma regra: sem maridos e filhos. As saídas são momentos para as amigas compartilharem as dores e as alegrias do dia a dia.
“Para uma amizade duradoura a gente deve cultivar. Como a gente cuida de uma planta, a amizade também deve ter o seu cuidado. Nós estamos sempre presentes uma na vida da outra, sendo na alegria, na tristeza, em festas, né. E também se importando uma com a outra”, destaca Selma.
“Estamos sempre orando umas pelas outras e se preocupando em saber como cada uma está”, confirmou Cleonice.
Tradições de aniversário
Da esquerda para a direita: Valdelene, Angélica, Cristiana e Ana Paula
Montagem g1
Além dos encontros frequentes, o grupo de amigas também prioriza datas comemorativas, como os aniversários.
Por causa das agendas, às vezes, não é possível marcar algo presencial para comemorar, mas é uma tradição a aniversariante ganhar um presente especial ou, como elas falam, um “mimo”.
“A gente manda, geralmente, um presente em conjunto. Aí, se der para a gente ir cada uma na casa da pessoa, nós vamos. Nós mandamos a cesta, que é um carinho que a gente tem uma pelas outras. Às vezes, não dá para uma ir, ou não dá, ou acontece alguma coisa, e para mostrar que a gente lembra, que a gente tem a consideração, não é o presente em si, é a consideração que a gente tem, com aquela pessoa”, explicou Cristiana.
A lembrança é a mesma para todas ao longo do ano. Em anos anteriores, já ganharam cestas de chocolates, kit de maquiagem e até balão decorativo com o nome da aniversariante.
Em 2024, o presente escolhido foi uma cesta de café da manhã para dividir com a família. Bem cedo, o “mimo” é entregue na casa da aniversariante.
“O primeiro presente daquela aniversariante do dia é o das amigas, né? Que a gente envia uma cesta de café da manhã para alegrar já, para fazer o dia daquela amiga especial, sempre no dia do aniversário”, afirmou Angélica.
Cleonice
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Amigas… na alegria e na tristeza
Estudiosos apontam que o bom amigo não é só aquele que está ao lado nos dias felizes, quando tudo sai conforme o planejado, mas também, principalmente, nos momentos de fragilidade.
Saídas, cafés e viagens são importantes para o Grupo das Amigas, mas o essencial para elas é ter a certeza de que podem sempre contar umas com as outras para dividir o peso dos problemas e as tristezas de perdas.
“São momentos em que a gente tá ali, né? Uma pela outra, orando, né? Prestando o nosso carinho, estando ali, lado a lado, né? Com os que precisam, com os que estão com dificuldade, e é assim”, disse Renata.
“É bom termos momentos juntas, pois eles nos ajudam a passar pelos momentos difíceis. A gente começa a olhar a vida não só por uma janela, mas consegue ver um leque onde a gente consegue ter força para passar por momentos difíceis”, contou Edislaine.
… na saúde e na doença
Café da tarde do Outubro Rosa do ano passado
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Para as oito mulheres, quem ama sempre cuida. Pensando nisto, elas decidiram em outubro do ano passado promover uma tarde em conscientização ao câncer de mama.
O encontro aconteceu na casa da Selma. A decoração foi toda nos tons de rosa e o grupo usou camisas da mesma cor.
Além de uma mesa de café da tarde, elas também tiveram uma palestra com a Edislaine, que é enfermeira.
“Foi uma orientação, na qual a gente quis estar junto e falar sobre a questão da gente se cuidar, se amar, se permitir viver momentos importantes”, explicou Edislaine.
Da esquerda para a direita: Cleonice, Angélica, Selma, Ana Paula, Valdelene, Edislaine, Renata e Cristiana
Arquivo pessoal
O que a psicologia fala sobre a amizade?
De acordo com a psicóloga Mayre Francis de Souza, “a amizade é reconhecida na literatura como uma fonte de bem estar e felicidade, contribui no desenvolvimento humano e evidencia sua importância nas relações consigo e o outro”.
Como a amizade ajuda no desenvolvimento pessoal?
“Laços de amizade contribuem para o bem-estar tanto psíquico quanto social do ser humano e refletem até na saúde e longevidade, proporciona suporte social, compartilhamento de experiências, sentimentos, emoções e reconhecimento de si no outro. Fortalecendo vínculos, desenvolvendo amor e habilidades sociais, importante para o estabelecimento de relações interpessoais satisfatórias e harmoniosas ao longo da vida”, explicou Mayre.
Como amizade pode ajudar em momentos como luto e depressão?
“Quando perdemos um ente querido, vivenciamos uma desorganização no nosso ciclo vital. Quando vivemos o luto, vivemos a queda do mundo presumido, ou seja, o único mundo que o ser humano efetivamente conhece, tudo o que sabe ou pensa, sua interpretação do passado e suas expectativas do futuro. O apoio de amigos e familiares faz muita diferença para quem está deprimido ou em luto. Uma boa conversa, encontros e breves passeios ajudam a distrair e contribuem para que a pessoa compreenda a nova realidade e aceite. A angústia e o sofrimento quando divididos com quem a gente gosta ficam mais leves. Na companhia de amigos e familiares, culpas, mágoas e rancores vão ganhando outro significado. E a pessoa passa a se sentir melhor”, concluiu a psicóloga.
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