
Governador do Rio Grande do Sul assinou, nesta sexta-feira (9), filiação ao PSD, em São Paulo. Político deixa o PSDB depois de 24 anos de no partido. Leite informa desejo de “liderar um projeto nacional”, seja pelo caminho da presidência ou do Senado. Eduardo Leite se filia ao PSD
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou que uma das motivações para deixar o PSDB e migrar para o PSD é o desejo de “liderar um projeto nacional”, seja pelo caminho da presidência ou do Senado. A declaração foi feita em entrevista coletiva a jornalistas gaúchos após o político assinar o ato de filiação, em São Paulo, nesta sexta-feira (9).
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Em todo caso, o atual governador garantiu que o Rio Grande do Sul seguirá entre suas prioridades.
“Seja qual for o movimento que eu venha a fazer ali na frente, será em proveito do Rio Grande do Sul também, porque nós vamos precisar que o Estado seja muito bem atendido pela União ao longo desse processo de reconstrução”, citou Leite, referindo-se ao trabalho de retomada do Rio Grande do Sul depois das enchentes de maio do ano passado.
Caso uma das legislaturas seja encaminhada, o governador deve deixar o cargo em abril do próximo ano, seis meses antes das eleições presidenciais de 2026. Ficará para Gabriel Souza (MDB) a missão de concluir o mandato.
Leite também externou o apoio ao seu vice-governador numa provável candidatura ao governo estadual em 2026, ressaltando a ligação entre MDB e PSD no Rio Grande do Sul.
“O PSD integrou a nossa aliança já na eleição. E nós vamos buscar dar continuidade a esse projeto, com um diálogo com todos os atores que tenham disposição para fazê-lo, inclusive o MDB, que tem o nosso vice-governador altamente capacitado e credenciado para ser o líder desse projeto. A minha opinião pessoal é de que ele deve ser o líder desse projeto”, comentou.
O governador não descartou a candidatura ao Senado, mas admitiu que o desejo maior é a liderança em projeto para a presidência da República.
“Hoje, me enxergo contribuindo para uma candidatura presidencial onde os polos que protagonizam o processo político não me representam, e percebo, não representam boa parte da população brasileira. E desejo vivamente ajudar a construir um projeto alternativo de país que busque convergência e não aprofundamento das diferenças”, disse o governador do Rio Grande do Sul.
Eduardo Leite assina filiação ao PSD
Mauricio Tonetto/Divulgação
Mudança do partido foi sendo amadurecida
A mudança de partido vinha sendo construída há meses com o presidente nacional do PSD, Gilbero Kassab. A decisão pela alteração de legenda estava tomada pelo governador há, pelo menos, um mês. No entanto, ele esperou se confirmar a fusão entre o PSDB, partido ao qual era filiado até então, e Podemos para aceitar oficialmente o convite de Kassab.
Leite recebia, pelo menos desde 2021, convites de Kassab para deixar o PSDB. Um dos atrativos é o espaço para que o governador gaúcho entre na corrida presidencial.
Em 2022, após perder as prévias partidárias para João Dória, Leite viu os caminhos para a presidência mais difíceis dentro do partido tucano. Agora, chega ao PSD já como pré-candido a presidente. O atual governador do RS vai precisar superar outro adversário: Ratinho Júnior. O governador do Paraná é pré-candidato a presidente pelo PSD.
O partido deve manter os dois nomes em evidência até 2026, ano da eleição presidencial. Caso não consiga a vaga na corrida presidencial, a tendência é que o governador gaúcho saia na eleição pelo Senado, onde o Rio Grande do Sul terá duas vagas em disputa.
Eduardo Leite se filiou ao PSDB aos 16 anos, foram 24 anos na legenda. Pelo partido, foi vereador e prefeito de Pelotas, além das duas vezes em ganhou a eleição para o governado estadual do Rio Grande do Sul, em 2018 e em 2022. Nesta quinta, ele divulgou uma nota confirmando a desfiliação dos tucanos.
Leia nota oficial de Eduardo Leite
“Nota aos Tucanos e à Sociedade Brasileira
Depois de 24 anos de filiação ininterrupta ao PSDB — meu único partido até aqui — comunico, com o coração cheio de gratidão, minha desfiliação da legenda.
Não foi uma decisão simples. O PSDB me acolheu ainda jovem, me formou politicamente e me proporcionou viver experiências únicas, que levo comigo com orgulho e responsabilidade. Foi neste partido que aprendi a fazer política com seriedade, com responsabilidade fiscal, sensibilidade social e foco na transformação concreta da vida das pessoas — especialmente daquelas que mais precisam do poder público.
Ao longo dessas mais de duas décadas, estive ao lado de tucanos e tucanas com quem compartilhei sonhos, projetos e lutas. Aprendi com grandes lideranças, e me inspiro até hoje no exemplo de estadistas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, cuja visão moderna de gestão pública e compromisso com a democracia marcaram profundamente a minha formação e a minha atuação política.
Minha saída não é um rompimento com esses valores. Ao contrário, sigo guiado por eles.
As circunstâncias do cenário político e eleitoral, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil, exigem novos caminhos. Caminhos que percorro com a mesma convicção de sempre: a de trabalhar por um país mais justo, mais eficiente, mais equilibrado e mais comprometido com o futuro.
Mesmo fora do PSDB, continuo ao lado de todos os tucanos que, como eu, acreditam na política como instrumento de transformação da realidade e na construção de um Brasil melhor. Tenho certeza de que continuaremos caminhando na mesma direção, impulsionados por uma visão de país que valoriza o diálogo, o equilíbrio, a responsabilidade e a justiça social.
Aos amigos e amigas do PSDB, meu muito obrigado por tudo. Levo comigo os princípios, os aprendizados e, acima de tudo, o respeito e a admiração por todos que fizeram e fazem esse partido ser o que é. O tempo que passamos juntos não se desfaz com esta desfiliação: ele permanece como parte da história que seguimos construindo — agora, talvez por caminhos diferentes, mas olhando para o mesmo horizonte. O próprio PSDB vive um novo momento, refletindo sobre seus rumos e discutindo uma possível fusão com o Podemos. Desejo muito sucesso a essa trajetória e a todos os que a integram. Que seja um caminho exitoso, porque o Brasil continuará precisando de todos nós — com nossas ideias, nossa responsabilidade e nosso compromisso com o futuro.
Eduardo Leite
Governador do Estado do Rio Grande do Sul”
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