‘CEI dos ataques hackers’: Suspeito de crimes cibernéticos diz ter invadido celulares de vereadores em depoimento na Câmara de Bauru


Criminoso teria sido contratado por Walmir Braga, ex-assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado de Suéllen Rosim (PSD). Alvos seriam adversários políticos da prefeita da cidade. Hacker prestou depoimento direto da Sérvia em CEI aberta na Câmara de Bauru
Andressa Lara/TV TEM
O hacker suspeito de praticar crimes cibernéticos contra vereadores de Bauru (SP) prestou depoimento à Comissão Especial de Inquérito (CEI), nesta quinta-feira (11), na Câmara Municipal.
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Por vídeo chamada, diretamente da Sérvia, Patrick César da Silva Brito participou da 6ª reunião da CEI, criada para investigar a suposta contratação do hacker para monitorar políticos e adversários políticos da prefeita da cidade, Suéllen Rosim (PSD).
O ataque, supostamente ordenado por Walmir Braga, ex-assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado da prefeita da cidade, teria tido como alvos a vereadora de Bauru Estela Almagro (PT) e o jornalista Nelson Itaberá.
Tanto Walmir Braga, como a prefeita de Bauru Suéllen Rosim negam qualquer tipo de envolvimento com os ataques do hacker. (Posicionamento completo dos dois ao final da matéria).
No depoimento, Patrick afirmou que foi contratado não só para invadir as redes sociais de 9 vereadores, do vice-prefeito e de um jornalista de Bauru, mas também para enviar a movimentação bancária dessas pessoas, conversas por aplicativo de mensagem, troca de e-mails e fotos.
Suspeito de crimes cibernéticos diz ter invadido celulares de vereadores de Bauru
De acordo com o hacker, era o próprio Walmir Braga que fazia o pagamento pelos serviços e teria dito a ele que a prefeita de Bauru sabia sobre as transações.
Durante os trabalhos, o hacker entregou os extratos bancários aos membros da CEI, além de outros documentos que, segundo ele, comprovam a sua ligação com Walmir Braga, suposto mandante dos ataques. Os depósitos totalizaram R$ 213 mil em contas bancárias diferentes.
Quando questionado se sabia o motivo para as invasões, o hacker disse que Walmir queria ter informações sobre essas pessoas e que iria pedir o serviço de monitoramento até as eleições deste ano.
Walmir Braga é ex-assessor parlamentar do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD)
Reprodução
A audiência, que durou cerca de 1h30, foi aberta ao publico e contou com a presença de outros vereadores, além de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Bauru.
A CEI dos ataques hackers, como ficou conhecida na Câmara de Bauru, é presidida pelo vereador José Roberto Segalla (União Brasil) e tem Markinho Souza (MDB) como relator. Também são membros Pastor Edson Miguel (Republicanos), Marcelo Afonso (PSD) e Eduardo Borgo (Novo).
Os vereadores da CEI têm, a princípio, 90 dias desde a instauração da CEI para a entrega do relatório final, previsto para o dia 26 de agosto. O colegiado ainda pode prorrogar os trabalhos da comissão por mais 30 dias.
CEI dos ataques hackers chegou à 6ª reunião na Câmara de Bauru
Andressa Lara/TV TEM
Em nota, a prefeita Suéllen Rosim disse que não possui ligação alguma com o assunto, que jamais teve contato com o hacker e não tem qualquer conhecimento das atividades ilegais que ele alega ter cometido.
Ainda em nota, ela afirma que tomará “medidas judiciais cabíveis contra o suspeito e contra aqueles que estão financiando e explorando essas mentiras com a nítida finalidade de prejudicar a imagem dela em ano eleitoral”.
Em nota ao g1, Walmir contou que foi procurado por Patrick após ataques sofridos nas redes sociais pela esposa, irmã da prefeita de Bauru. Ele contou que o hacker ofereceu serviços cibernéticos para apurar os ataques contra ela.
Walmir afirmou, ainda, que achava que era um serviço legal, que não teria nenhum problema, mas que depois descobriu que o hacker tinha métodos ilegais para realizar esse trabalho e encerrou a negociação. Ele reitera a inocência com relação a todas as acusações.
Ataque a adversários políticos
O ataque, supostamente ordenado por Walmir Braga, ex-assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado da prefeita da cidade, teria tido como alvos a vereadora de Bauru Estela Almagro (PT) e o jornalista da cidade Nelson Itaberá. O caso também é investigado na esfera criminal pela Polícia Federal (PF).
Walmir é assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado da prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (PSD)
Arquivo pessoal
Na esfera política, a CEI, composta pelos vereadores Marcelo Afonso, José Roberto Segalla, Eduardo Borgo, Edson Miguel e Markinho Souza, apuram o caso e o possível envolvimento da chefe do Executivo.
Uma Comissão Temporária (CT) já foi aberta pela Câmara de Bauru para apurar o suposto ataque cibernético. Durante os trabalhos, o hacker Patrick César da Silva Brito, o assessor do gabinete da prefeita, Leonardo Marcari, e as supostas vítimas do ataque cibernético prestaram depoimentos.
A prefeita Suéllen Rosim e o cunhado dela, Walmir Braga, foram convocados a depor, mas não compareceram.
Hacker assumiu invasão durante em depoimento à Câmara Municipal de Bauru (SP) durante uma sessão da Comissão Temporária (CT)
Reprodução/TV TEM
À época, em depoimento à Câmara de Vereadores de Bauru, o hacker confirmou ter invadido as redes sociais da Vereadora Estela Almagro (PT) e do jornalista Nelson Itaberá, a mando de Walmir Braga.
“O Walmir entrou em contato comigo, explicou que era cunhado da prefeita de Bauru e que tinha mostrado o material que eu tinha enviado para ele por e-mail para a prefeita e que ela tinha gostado muito. E ele pediu para que eu hackeasse a Estela [vereadora]”, disse Patrick durante o depoimento.
Hacker confirma invasão de redes sociais de vereadora a mando de cunhado da prefeita
Ele confirmou que derrubou as redes sociais da parlamentar e que chegou a especular com Walmir sobre fazer o mesmo com outros vereadores e até com o vice-prefeito Orlando Costas Dias, mas que não prosseguiu com a invasão.
Hacker contratado?
A investigação apura se, em 2021, Walmir teria contratado o hacker Patrick César da Silva Brito, que chegou a ser preso na Sérvia após ter sido detido pela Interpol, mas foi solto no fim do ano passado.
Patrick passou a ser investigado depois que o e-mail de Dilador Borges (PSDB), prefeito de Araçatuba, foi invadido, em dezembro de 2020.
Hacker Patrick César da Silva Brito, de Araçatuba (SP), foi preso na Sérvia
Reprodução
A Polícia Civil de Araçatuba (SP), por meio da 10ª Corregedoria Auxiliar, investiga a conduta de um policial civil, que teria apresentado o hacker a possíveis contratantes do serviço ilegal. O agente é irmão de Walmir Braga.
Outras investigações
A Comissão de Fiscalização e Justiça da Câmara de Vereadores de Bauru protocolou, em outubro de 2023, um pedido de apuração da conduta do até então assessor parlamentar Walmir Braga.
O caso também está sendo investigado pelo Ministério Público, mas corre em segredo de Justiça. Walmir foi exonerado após as denúncias.
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