
Descentralização e verticalização impulsionam novos empreendimentos com preços mais acessíveis e potencial de valorização. Arquiteto alerta para necessidade de contrapartidas de infraestrutura pela prefeitura e planejamento urbano. Construtores de Bauru investem em expansão imobiliária na zona sul do município
A dinâmica do mercado imobiliário em Bauru (SP) mudou ao longo do tempo. Se antes os empreendimentos se concentravam no Centro e na zona sul da cidade, hoje eles se espalham por bairros mais afastados.
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Segundo as construtoras que investem na cidade, esses imóveis mantêm a mesma qualidade de construção e acabamento, mas com preços mais baixos devido à localização.
Esse movimento acompanha o crescimento populacional do município. Segundo dados do Censo 2022, a população de Bauru chegou a 379.146 pessoas, um aumento de 10,24% em relação ao Censo de 2010. Ainda segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, (IBGE), Bauru tem uma densidade demográfica de 567,85 habitantes por km².
Outra tendência que segue o padrão dos grandes centros urbanos com o aumento populacional da cidade é a verticalização, com a construção de prédios e apartamentos ao invés de loteamentos comuns ou condomínios de casas.
Bairros afastados ganham força no mercado imobiliário de Bauru com avanço da verticalização
Reprodução/TV TEM
Tiago Coelho é gerente de vendas de um dos novos empreendimentos localizados fora das áreas tradicionais de Bauru. O residencial, situado na região do Alto Paraíso, contará com 140 apartamentos, além de áreas de lazer como academia ao ar livre e churrasqueira.
“O que a gente observa, na maioria das vezes, é o potencial de valorização da região, considerando o que existe ao redor. Por exemplo, o empreendimento onde estamos hoje, no Balvano, na Maria Ranieri, está próximo às universidades e a avenidas principais que ligam aos principais pontos da cidade. É um local com grande potencial de valorização”, explica.
A diferença de preços entre as regiões é significativa. Enquanto um apartamento em bairros historicamente mais valorizados custa, em média, R$ 250 mil, imóveis semelhantes em áreas mais afastadas podem ser encontrados por cerca de R$ 215 mil.
A cuidadora de idosos Maria Lúcia Rodrigues dos Santos aproveitou a oportunidade. Moradora de Bauru desde 2019, após mudar-se de Santos (SP), ela decidiu sair do aluguel e comprar seu próprio imóvel em um desses novos bairros.
“Surgiu a oportunidade, por ser mais barato, eu tentei conseguir. Compensa muito. É mais tranquilo, aqui é perto de tudo, já estamos acostumados a morar nessa região, e vale muito a pena sair do aluguel e ter algo que é nosso”, afirma.
Maria Lúcia Rodrigues dos Santos aproveitou a oportunidade e comprou apartamento em Bauru mais barato
Reprodução/TV TEM
Verticalização e infraestrutura
Assim como a descentralização, a verticalização dos empreendimentos é uma tendência que também atrai novos moradores e impulsiona o desenvolvimento econômico das regiões mais afastadas.
No entanto, o aumento exponencial da população nessas áreas exige contrapartidas do poder público em infraestrutura.
Para o arquiteto e urbanista Eraldo Rocha, essas iniciativas devem ser acompanhadas por um planejamento urbano eficaz.
“Uma área que antes abrigava 50 unidades habitacionais pode passar a comportar 150, 250 ou até 350 unidades. Isso significa multiplicar exponencialmente a quantidade de pessoas usando a mesma malha de infraestrutura. Se não houver planejamento, surgirão muitos problemas”, alerta.
Urbanista alerta para cuidados com verticalização de Bauru (SP)
Reprodução/TV TEM
Eraldo também vê a verticalização como uma tendência positiva para a cidade, desde que implantada com organização e responsabilidade.
“A verticalização é, em geral, benéfica para a cidade, mas precisa ser feita de forma planejada. Um bom empreendimento pode trazer investimentos e valorização para o bairro, mas isso precisa estar previsto desde o início do projeto”, conclui.
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