
John Mascouto conseguiu se aproximar do papa durante a 28ª Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013. Morador de Nova Friburgo relembra participação na JMJ de 2013
A notícia da morte do papa Francisco na madrugada desta segunda-feira (21) reacendeu memórias de um encontro emocionante que mudou a vida de John Mascouto, morador de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. Ele teve participação ativa na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio 2013, quando tinha 28 anos, e conseguiu não só ver o papa, mas tocá-lo.
Na ocasião, o pontífice, recém-eleito, estava na primeira viagem apostólica e fazia um dos trajetos dentro de um carro. O toque no papa ocorreu durante a vigília em Copacabana, que reuniu 3,7 milhões de pessoas. Foi um momento rápido, mas com significado profundo para John (veja no vídeo acima).
“Era tanta gente querendo tocar o Santo Padre… e eu consegui! Foi um momento de grande emoção, no meio de jovens do mundo inteiro, todos falando línguas diferentes. Foi ali que caiu a ficha: estávamos diante de um verdadeiro sucessor de Pedro”, lembrou.
John Mascouto, de Nova Friburgo, contou sobre a emoção de tocar no papa Francisco no RJ em 2013
Arquivo pessoal/John Mascouto
John contou ao g1 que viveu intensamente os bastidores e os dias do evento, e que correu atrás de cada aparição do Papa: na Quinta da Boa Vista, na Lapa e em Copacabana.
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De um página no Facebook à organização da JMJ
Tudo começou em 2010, quando o então Papa Bento XVI anunciou que a próxima edição da JMJ seria realizada no Brasil. Entusiasmado, John criou uma página não oficial no Facebook dedicada ao evento. O projeto viralizou, reunindo milhares de seguidores, se tornando um dos principais canais de divulgação da Jornada entre jovens católicos brasileiros e estrangeiros.
O engajamento digital abriu portas para que ele se envolvesse diretamente na organização da JMJ, vivenciando de perto os preparativos até a chegada do Papa Francisco, que assumiu o pontificado após a renúncia de Bento XVI, em 2013.
Uma conexão cultural e espiritual
A eleição do papa Francisco, o primeiro pontífice latino-americano da história, fortaleceu o sentimento de proximidade.
“O fato de ele ser argentino fazia a gente se sentir ainda mais conectado”, relembra John.
Essa conexão ganhou forma na pré-Jornada, quando a Paróquia Santa Teresinha, em Conselheiro Paulino, em Nova Friburgo, acolheu 60 peregrinos argentinos.
“Eles chegaram e a gente foi organizando: esse vai para a casa do fulano, aquele para a casa do cicrano… Era uma troca cultural riquíssima”, diz John.
O legado de Francisco: uma igreja “para todos”
A experiência com o Papa argentino transformou a percepção de John sobre o papel da Igreja e de seu líder máximo.
“O ensinamento que mais carrego é o que ele repetia: ‘A Igreja é para todos. Todos, todos, todos.’ Ele abriu as portas, tirou a igreja das sacristias e colocou ela no meio do povo”, afirma.
Com voz embargada, John lembra que, mesmo em seus últimos momentos, o Papa Francisco deixou uma última bênção de Páscoa para os fiéis.
“Ele celebrou a última Páscoa com a gente e fez sua passagem. Foi a sua própria Páscoa”.
Luto e esperança pelo futuro
Sobre o momento atual da Igreja após a morte do pontífice, John, hoje com 40 anos, acredita que é tempo de recolhimento e oração.
“Agora a Igreja vive o luto. Depois vem o conclave, a escolha do novo Papa. Mas a gente confia: Deus já sabe quem será o próximo sucessor”.
Com a voz firme, ele finaliza:
“Dez anos depois daquele encontro, o que fica é a certeza de que o Papa Francisco mudou a Igreja — e mudou a gente. Foi um Papa de sorriso largo, de fala simples, de acolhida verdadeira. E isso ninguém vai esquecer”.