J. Borges falou sobre inspiração em entrevista há menos de um mês: ‘Penso se vai tocar no sentimento do povo’; ASSISTA


Xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano morreu na manhã desta sexta-feira (26), na cidade de Bezerros. J. Borges foi agraciado, em 1999, com a Ordem de Mérito Cultural do Ministério da Cultura
Hermes da Costa Neto/Divulgação
Em uma de suas últimas entrevistas à TV, exibida no dia 5 de julho no Jornal Nacional, J. Borges falou sobre a inspiração para as suas obras e a preocupação com o sentimento do público. O xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano faleceu aos 88 anos em Bezerros, no Agreste de Pernambuco.
“Quando inicio um cordel para escrever ou uma gravura para fazer, eu penso logo se vai tocar no sentimento do povo” (veja no vídeo abaixo)
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Obras de J.Borges em exposição no Rio
José Francisco Borges ganhou fama não só em Pernambuco, e ficou conhecido no Brasil todo como J. Borges.
Em outra entrevista à TV Asa Branca, o artista citou o sertão, a religiosidade e o dia a dia do povo nordestino como suas principais inspirações.
O xilogravurista ainda reconheceu com gratidão a divulgação do seu trabalho por grandes nomes da cultura brasileira, como Ariano Suassuana (veja vídeo abaixo).
J. Borges fala sobre inspiração para criar obras
Cordel sobre prostituição vendeu mais de 100 mil exemplares
Com tantos cordéis, é difícil imaginar que o artista tinha algum que o marcou mais. Mas ele existe: “A chegada da prostituta no Céu”. Nele, J. Borges fala sobre o sofrimento das mulheres prostitutas e de como são marginalizadas pela sociedade.
Sabemos que a prostituta é também um ser humano que, por uma iludição fraqueza ou desengano, o seu viver é volúvel, sempre abraça ao engano
Esta obra específica vendeu mais de 100 mil exemplares e acabou tornando-se peça de teatro.
J. Borges cita obra ‘A chegada da Prostitua no Céu’
Em 2018, a Escola de Samba Acadêmicos da Rocinha, no Rio de Janeiro, teve como tema os 110 anos da xilogravura no Brasil. J. Borges foi homenageado no Madeira Matriz, samba enredo da escola. Em entrevista à TV Globo, o bezerrense estava radiante de alegria.
Obras do artista J. Borges
Reprodução/TV Globo
Reconhecimento e admiração
Ao longo de sua trajetória, J. Borges ganhou vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.
O encontro com o escritor Ariano Suassuna, no início da década de 1970, foi um marco na história de J. Borges. Encantado pela criatividade das gravuras, Ariano ajudou a levar a obra do amigo para o mundo. José Saramago era outro fã. O livro “O Lagarto”, do escritor português, ganhou ilustrações do artista pernambucano.
Ilustrou também a capa de livros de Eduardo Galeano, inspirou documentários e o desfile da escola de samba Acadêmicos da Rocinha, em 2018.
Morte em casa, no Agreste pernambucano
J. Borges morreu na manhã desta sexta-feira (26) no Agreste de Pernambuco, onde nasceu e passou toda sua vida. A informação foi confirmada pelo filho do artista, Pablo, ao g1.
Segundo familiares, o pernambucano foi internado há duas semanas por problemas no pulmão e coração, mas recebeu alta e morreu em casa, por volta das 6h.
O velório do corpo do artista é realizado no Centro de Artesanato, que fica localizado no município de Bezerros.
Artista J. Borges em imagem de arquivo
Reprodução/TV Globo
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