VÍDEO: invasores afirmam ter sido expulsos de garimpo ilegal por indígenas na Terra Yanomami


Em um vídeo, registrado pelos próprios invasores, uma mulher diz que os indígenas destruíram o acampamento e deram um prazo para que eles deixassem o território. Vídeo foi gravado na região do Alto Catrimani, na Terra Yanomami. Invasores afirmam ter sido expulsos de garimpo ilegal por indígenas
Um grupo de garimpeiros afirmou ter sido expulso de uma área de garimpo ilegal conhecida como Capixaba, na região do Alto Catrimani, na Terra Indígena Yanomami. A presença de não-indígenas no território é irregular e há mais de um ano o governo federal tenta retirar invasores, mas a atividade de exploração de minério persiste e até avançou 6% em algumas regiões, conforme estudo do Greenpeace.
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A região do Capixaba chegou a ser considerada umas das maiores áreas de exploração ilegal em 2022, quando Hutukara Associação Yanomami (HAY) mapeou áreas que tinha estrutura de bares, mercearias e prostíbulos. Conforme relato dos próprios invasores, em um vídeo, os indígenas destruíram o acampamento e deram um prazo para que eles deixassem o território (assista acima).
O g1 procurou a Polícia Federal e a Casa de Governo sobre o assunto e aguarda retorno.
As imagens mostram o acampamento dos garimpeiros destruído e itens espalhados pelo lugar. A mulher diz ainda que os indígenas levaram redes, remédios, comidas e outros itens. O vídeo é do dia 15 de julho e foi obtido pela Rede Amazônica.
“Os índios [sic] acabaram de chegar aqui, ó. Levaram tudo nosso tudo, tudo. Com muita humilhação e choro para eles deixar esse celular aqui, mas deram uma hora para nós sair. Quebraram a internet, muito índio, tudo armado”, disse uma mulher.
Garimpeiros afirmam que indígenas destruíram o acampamento
Arquivo pessoal
Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e enfrenta uma crise de saúde devido ao avanço do garimpo ilegal, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa.
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Apesar das atividades de combate ao garimpo na região deflagradas em fevereiro de 2023, os invasores continuam em atividade. O Ministério dos Povos Indígenas estimou em março deste ano que 7 mil garimpeiros estão na região.
Além disso, um levantamento do Greenpeace mostrou que a área devastada pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami teve um aumento de mais de 6% nos seis primeiros meses de 2024. O estudo revelou ainda um cenário inédito: a presença de invasores nas imediações do Parque Nacional do Pico da Neblina, localizado nas cidades de São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro, interior do Amazonas.
“A gente entende que mesmo com todos os esforços que estão sendo feitos no combate ao garimpo ilegal, os garimpeiros estão tendo condições de abrir novas áreas. Então, eles estão sofisticando os métodos deles, eles estão achando novas maneiras de driblar a fiscalização. então a abertura de novas áreas continua aqui”, avaliou o porta-voz da frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, Jorge Dantas.
Garimpo avança e atinge novas áreas na Terra Indígena Yanomami.
Arte g1
De acordo com Nilson Tubino, diretor da Casa de Governo em Roraima — inaugurada em fevereiro deste ano para coordenar as ações de combate à crise na Terra Yanomami, o governo têm começado a realizar patrulhamento fluvial no território, usando a Funai, Força Nacional e Exército.
“A gente tem ações agora, o principal, que é a retirada do garimpo que ainda resiste dentro da terra indígena, mas a gente já tem feito ações de ocupação do território […] Hoje a Força Nacional já ocupa sete bases dentro da terra indígena”, esclareceu.
A Terra Yanomami está em emergência de saúde desde janeiro de 2023, quando o governo federal começou a criar ações para atender os indígenas, como o envio de profissionais de saúde e cestas básicas. Além de enviar forças de segurança a região para frear a atuação de garimpeiros.
Mesmo com o enfrentamento, um ano após o governo decretar emergência, o garimpo ilegal e a crise humanitária permanecem na região. O número de invasores diminuiu 65% em um ano, se comparado ao início das operações do governo federal, quando havia 20 mil invasores no território.
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