PMs presos em operação tentaram asfixiar garimpeiro em tortura com pano e água, diz Polícia Civil


Policiais militares são suspeitos de torturar, roubar e até sequestrar garimpeiros em Boa Vista. Investigação aponta existência de um grupo de extermínio na Polícia Militar. Policiais militares são presos suspeitos de torturar garimpeiros em Boa Vista
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Os policiais militares presos em operação da Polícia Civil nesta segunda-feira (22) tentaram asfixiar um garimpeiro ilegal com métodos de tortura envolvendo pano e água para roubar a vítima, aponta as investigações. A operação mirou militares suspeitos de torturar, roubar e até sequestrar garimpeiros em Boa Vista .
De acordo com a Civil, a abordagem policial que resultou nas agressões aconteceu no dia 31 de janeiro deste ano. Além das agressões físicas, também houve violência mental e o garimpeiro apresentava lesões no tórax e nas pernas. Um Boletim de Ocorrência foi registrado relatando as agressões.
Uma testemunha ouvida pela Civil disse que, devido à demora da vítima a voltar para casa no dia, saiu para procurá-la ao longo da RR-205, que liga Boa Vista ao município de Alto Alegre, Norte de Roraima, quando avistou seu carro estacionado à margem da via junto com uma viatura policial.
Na ocasião, um policial militar se aproximou da testemunha e alegou que a vítima teria fugido da abordagem policial e por isso seria detido.
O g1 procurou a Polícia Militar e questionou se há interesse em se posicionar sobre a agressão e aguarda resposta. Sobre a operação da Civil, a PM informou que “tem prestado todas as informações solicitadas pelas autoridades de forma a contribuir com o andamento das investigações. E o cumprimento da ordem judicial foi acompanhado por um oficial da Corporação.”
Disse ainda que todas “as providências estão sendo tomadas para que o fato seja esclarecido, assegurando o direito de ampla defesa e contraditório para os citados na reportagem, de modo que a verdade seja estabelecida.”
A operação cumpriu quatro mandados de prisão e três de busca e apreensão. Os mandados de prisão são contra:
Arnaldo Cinsinho Melville – sargento da PM que já está preso desde abril por suspeita de simular confrontos policiais para executar pessoas
Aldiney Carneiro Tejo (soldado)
Welisson Mesquita de Souza (soldado)
Tomi Marlei Lopes Souza (soldado)
Em ordem, Arnaldo Cinsinho Melville; Tomi Marlei Lopes Souza; Welisson Mesquita de Souza; Aldiney Carneiro Tejo
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Com Tomi Marlei, a polícia encontrou material de espionagem como rastreadores, bloqueadores e detectores de sinal de celular. Os agentes também encontraram fotos e imagens que comprovam tentativas de “obstruir a investigação” da polícia nos arquivos de computador de Arnaldo Cinsinho Melville.
Eles são suspeitos de montar falsos cenários de confronto para roubar dinheiro, ouro e cassiterita de garimpeiros que operam ilegalmente no estado.
As investigações da Civil apontam ainda a existência de um grupo de extermínio formado por policiais militares.
A defesa de Tomi Marlei disse que aguarda para ter acesso às provas que “fundamentaram a prisão”. Classificou a prisão do soldado como precipitada por estar ” induzindo o judiciário a erro, devido à fé pública” e finalizou informando que vai pedir “a nulidade e a responsabilização cível, administrativa e criminal” aos que decidiram pela prisão do militar. A reportagem tenta contato com a defesa dos outros policiais militares alvos da operação.
Uma das vítima dos investigados, segundo a Polícia Civil, foi um motorista assassinado em março. À época, ele carregava cassiterita quando foi executado. A polícia suspeita que a morte foi forjada.
Policiais militares são presos suspeitos de torturar garimpeiros em Boa Vista
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Esta operação é uma continuação das ações que prenderam, em abril deste ano, o sargento da PM Arnaldo Cinsinho Melville e os soldados Lucas Araruna e André Galúcio por suspeita de integrar milícia e grupo de extermínio em Roraima.
Ao menos 100 policiais militares de Roraima são investigados por suspeita de fazerem parte da milícia, de acordo com estimativa é do promotor Antonio Carlos Scheffer, do Ministério Público do estado. As investigações reúnem processos que policiais respondem em várias promotorias criminais.
Mais de 100 policiais suspeitos
Operação foi deflagrada nesta segunda-feira (22) pela Polícia Civil
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Parte das investigações iniciaram em 2021, quando o ex-policial militar Gilson Viana, de 43 anos, suspeito de matar ao menos 12 pessoas, foi preso, e se intensificaram quando o soldado Ismael Palmeira da Silva, morreu durante um roubo de avião numa área de acesso a garimpos ilegais na Terra Yanomami.
No curso das apurações contra Gilson, a Polícia Civil identificou que tinham policiais militares envolvidos em vários outros crimes. Todos os casos são acompanhados pelo Ministério Público.
O MP acredita que a atuação de policiais como seguranças privados de garimpeiros desencadeia outros crimes graves, como o de homicídio e de tráfico.
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