Vasectomias pelo SUS aumentam 97% no Paraná após mudanças na lei: ‘Criança é uma dádiva, mas custa caro’

Legislação, que também alterou regras para laqueaduras, passou a permitir cirurgias contraceptivas sem necessidade de autorização de maridos e esposas; entenda as regras. Paranaense aproveitou mudança de regras de vasectomias no SUS para operar
Entre 2022 e 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou um aumento de 97% no número de vasectomias realizadas no Paraná. A cirurgia, considerada minimamente invasiva, é um método contraceptivo que impede homens de terem filhos. Veja regras para operar pelo SUS abaixo.
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O aumento de cirurgias no Paraná ocorreu um ano após a legislação federal que regula as cirurgias ampliar o acesso ao procedimento. Uma das mudanças foi que o SUS passou a permitir cirurgias contraceptivas sem necessidade de autorização do parceiro ou parceira, o que era exigido tanto para vasectomias quanto para laqueaduras.
O aumento de vasectomias no Paraná no ano passado superou a procura nacional pela cirurgia, de acordo com o Ministério da Saúde. Confira os números mais abaixo.
O empresário e mecânico Fábio Salmazo Neiva, de Curitiba, foi um dos homens que realizou a vasectomia no estado após a alteração da legislação. Ele tem 47 anos de idade e um filho.
Apesar de a lei ter parado de exigir a concordância de parceiros, Fábio definiu pela vasectomia junto com a noiva, que tem outros dois filhos.
“Eu decidi por não ter mais filhos. Essa incerteza de governo, financeira… Uma criança, falando ou não, é uma dádiva, porém, custa caro, né?
A opção pela cirurgia foi para eliminar risco de uma gravidez não planejada.
“Me questionaram bastante [equipe de acompanhamento], foi um pouco trabalhoso. Eu conversei com uma assistente social para ela entender o porquê. Depois, eu tive que marcar com uma médica, ela faz os encaminhamentos, pede exames, e aí que autoriza marcar.”
Navegue nesta reportagem:
Dados de vasectomias pelo SUS no Paraná
Como funciona a vasectomia
Quais as regras para fazer uma vasectomia
Como solicitar a cirurgia pelo SUS no Paraná
Hospitais de Curitiba e Região Metropolitana que fazem a cirurgia pelo SUS
Crescimento de cirurgias
O Sistema de Informações Hospitalares e Ambulatoriais do SUS revela que, em 2023, o Paraná teve 8.274 vasectomias realizadas. Em 2022, o registro foi de 4.183 cirurgias pelo SUS. Os dados são do Ministério da Saúde.
O aumento de vasectomias no Paraná no ano passado superou a procura nacional pela cirurgia, que também teve crescimento.
Em 2022, foram 67.799 vasectomias no país, enquanto em 2023 foram 95.470 procedimentos – um crescimento de 43%.
Antes da cirurgia pelo SUS, o interessado é questionado diversas vezes por equipes do SUS se deseja, de fato, fazer o procedimento.
O objetivo, é diminuir o risco de arrependimento, como explica o urologista Gustavo Marquesine Paul, coordenador da Câmara Técnica de Urologia do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR).
Crescimentos de vasectomias
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Como funciona a vasectomia
Urologista explica como funciona a vasectomia
Além de ser considerada pouco invasiva, a vasectomia é um método contraceptivo de alta precisão.
De acordo com urologista Gustavo, a cirurgia dura entre 30 e 40 minutos. Ainda conforme o médico, na maioria dos casos, as vasectomias podem ser revertidas. A chance de sucesso de reversão, conforme o especialista, é de 80%.
Em resumo, a operação interrompe a passagem dos espermatozoides entre o testículo e a próstata, impedindo que, em uma relação sexual, o homem tenha como fecundar um óvulo, o que pode gerar a gravidez.
“Esse paciente não vai mais ter o potencial de fertilidade. Ele não consegue mais engravidar uma mulher, porque dentro do sêmen dele não tem mais os gametas.”
Gustavo explica que a cirurgia é feita, na maioria das vezes, com anestesia local, na região escrotal. Em casos de pacientes que não aguentam a dor, é possível utilizar sedação e, desta forma, o paciente passa pela operação dormindo.
Por ser uma cirurgia ambulatorial, o paciente vai embora no mesmo dia. Após a operação, é recomendado dois dias de repouso e pelo menos 10 dias de interrupção das relações sexuais.
O médico destaca que, em comparação à laqueadura, método contraceptivo feminino, a vasectomia é mais simples.
“A vasectomia é um dos poucos, se não o único, método anticoncepcional que nós conseguimos avaliar se ele está funcionando ou não. A paciente que usa DIU, por exemplo, você não consegue avaliar se esse DIU tá funcionando. E isso não impede uma gravidez tubária, por exemplo.”
Regras para fazer vasectomia
Para fazer uma vasectomia, a legislação federal alterada em 2022 determinou, além de uma nova idade para a operação, um prazo mínimo entre a manifestação de vontade e o ato cirúrgico.
A mudança das regras também impactou as laqueaduras.
Confira abaixo como ficou:
A idade mínima para homens e mulheres com capacidade civil plena passou de 25 para 21 anos para as cirurgias, independentemente de ter, ou não, filhos;
Fica definido prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação de vontade e o ato cirúrgico;
Não é mais necessário o consentimento expresso de ambos os cônjuges para a realização de vasectomia ou laqueadura tubária;
No caso de laqueaduras, o histórico de cesarianas sucessivas anteriores não é mais requisito para a realização de laqueadura tubária durante a cesárea.
Como solicitar a vasectomia pelo SUS no Paraná
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), para solicitar uma vasectomia no Paraná, o interessado deve procurar uma unidade básica de saúde de referência e expressar o interesse.
O paciente, então, passará por avaliação de saúde.
Conforme a Sesa, se atender os critérios, o paciente será encaminhado para um serviço habilitado de referência para realização do procedimento.
Hospitais habilitados em Curitiba e região
Conforme a Sesa, 12 hospitais de Curitiba e Região Metropolitana (RMC) são cadastrados para fazer vasectomias pelo SUS. São eles:
Hospitais de Curitiba e região habilitados para vasectomia pelo SUS
Por lei, após a liberação da cirurgia e encaminhamento pelo SUS, a instituição é obrigada a realizar o procedimento.
A Sesa informa que em caso de eventuais problemas, em que um paciente tenha o direito de realizar a cirurgia negado, é possível denunciar o caso no próprio hospital ou na Ouvidoria Estadual do SUS, pelo número 0800 644 4414.
*Com colaboração de Maria Pohler, assistente de produtos digitais do g1.
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